Foi aqui que tudo começou

A minha verdadeira paixão por todas estas coisas começaram numa prova que decorreu no distante dia 16 de Maio de 2003, no Restaurante Barriga de Anjo, actual À Volta do Vinho (http://avoltadovinho.no.sapo.pt). Estiveram presentes um grupo de amigos que ainda neste ano de 2006 ainda se encontram regularmente para beber e comer.
Deixo-vos aqui alguns apontamentos sobre o que bebemos e o que comemos, naquele distante dia:

O vencedor da noite foi o Quinta do Monte D' Oiro Reserva 1999. Confirmou ser um vinho de aroma complexo e intenso, com uma boca ao mesmo nível, estruturada e cheia de coisas boas. Tudo equilibrado e de persistência longa. Apenas um provador não o elegeu como o eleito da noite.

Em segundo lugar ficou a surpresa positiva da noite, o Garrafeira TE 1999 da J.M.F. A sua boa prestação também foi consensual, tendo até um dos provadores eleito este vinho como “o seu vinho da noite”. Notável em elegância e harmonia. Boa complexidade; Chegou mesmo a ser confundido por alguém como um belo Dão... Está, no entanto, já no seu ponto ideal de consumo! Dá muito prazer ser bebido agora.

Bastante distanciados ficaram o Quinta do Cabriz Escolha Virgílio Loureiro 2000 e Redoma 1999. Foram as grandes desilusões, já que a critica especializada considera/considerou estes vinhos como excelentes. Detentores de boas referências e elogios.
O Quinta do Cabriz foi o mais bem classificado, mas segundo estes provadores, não passou da fasquia “bom vinho-superior à média”. É um vinho algo austero, mas em tudo pouco acima da mediania, na concentração, na complexidade e na persistência.
Já o Redoma revelou muito poucos atributos positivos!? Excesso de álcool no nariz e na boca, também demasiado austero, pouco harmonioso, que o torna nesta altura demasiado desequilibrado. A roçar o sofrível, mas a melhorar com o tempo no copo....Achámos que precisa de bastante tempo em garrafa.
A classificação, ficou assim estipulada e acordada:

Quinta do Monte D'Oiro Reserva 1999. Estremadura.
Nota do Grupo: 17,05

Garrafeira TE 1999. Terras do Sado.
Nota do Grupo:16,65

Quinta do Cabriz Escolha Virgílio Loureiro 2000. Dão.
Nota do Grupo: 15,35

Redoma 1999. Douro.
Nota do Grupo: 14,95

Do ponto de vista, gastronómico, as iguarias apresentadas e degustadas que comemos apresentaram um nível elevado, de uma simplicidade, qualidade e sofisticação dignas de registo. Foram exemplos, de como se podem servir produtos tradicionais, de bom nível.
Nas entradas, fomos surpreendidos por um presunto "Porco Preto", de superior sabor, textura agradável e gordura saborosa. Sal na medida certa, sem exageros, e cortado em fatias delicadas e finas, tudo muito profissional. A alheira, degustada, era mesmo de caça!?! Nada industrial, muito boa, com delicados e identificáveis pedacinhos de carne. Houve quem dissesse que parecia a "alheira da avó" e que estava a fazer uma viagem no tempo. "Ao tempo das memórias da infância...!!!"

Como pratos principais, foi servido “D' Artois de Aves”, uma aplicação de massa folhada, com carnes mistas e maçã, foi um luxo! Muito delicada em que a maçã combinou muito bem e deu toque agridoce. As “Plumas” de porco preto, portaram-se muito bem, grelhadas, sendo mesmo de porco preto! Mais um exemplo de um excelente produto português, de muita qualidade e sabor ímpar...

Nos queijos, foram apresentados dois queijos provenientes de regiões diferentes: Um queijo de Serpa, de meia cura e um amanteigado da Serra. Neste capítulo, o Serpa portou-se melhor. Com aromas mais complexos e profundos.
Para sobremesa, um semi-frio de morangos de Sintra, natas e hortelã muito frescas e suaves, nada enjoativo e pesadão! Parabéns ao chef..."
Ao acompanhar os queijos e semi-frio, deliciámo-nos com dois Portos distintos. Um VINTAGE da Taylor's de 17 aninhos - 1986, com boa evolução de garrafa, certinho, com aromas terciários gostosos, harmonioso e macio! E um excelente Niepoort 10 anos que os provadores da noite aplaudiram.

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