Garrafeira de Tazem

Se existe coisa em que tenho orgulho é olhar para a minha mulher e vê-la a confeccionar pratos lá de cima. Uma alentejana de volta das receitas da minha família. Fico babado. E foi em redor de um belo arroz de polvo, bem caldoso, que bebi uma pinga da Adega Cooperativa de Tazem (Freguesia de Vila Nova de Tázem, concelho de Gouveia). Um Garrafeira 2000.
A COOP de Tazem deu um enorme salto na qualidade dos seus vinhos, com a entrada do actual enólogo, engenheiro Pedro Nuno (responsável também pelos vinhos da Quinta do Corujão e da Casa de Darei). Este jovem teve a capacidade para dar a volta aos sócios, introduzindo hábitos e métodos de trabalho que conduzissem ao aumento da qualidade e consequente sucesso nas vendas. O grande salto foi dado com o lançamento de vários varietais em 2000. Alguns deles (Touriga Nacional e Alfrocheiro) acabaram por entrar no lote dos eleitos do jornalista José António Salvador, num dos seus últimos guias.
Se querem um vinho cheio de fruta, potente e esmagador, não bebam, porque não irão gostar. Seria uma perca de tempo para vocês. Neste garrafeira dominam, principalmente, aromas de granito, lagar, musgo. Sempre numa linha húmida e silvestre. Folhas secas de personalidade indefinida aparelham com caruma. Perfumado com muitas flores. Cheguei a cheirar qualquer coisa parecida a rosas. Decididamente um vinho que anda muito longe da moda. Eu, pessoalmente, agradeço.
Entra fresco pela boca, sempre numa linha mineral e balsâmica. Suave, acetinado (talvez até demais). Com um pouco mais de músculo, de nervo, era capaz de voar bem mais alto. Final entre o curto e o médio. É, no entanto, um vinho feito para a mesa, para a comida.
Nota Pessoal: 14,5
Post Scriptum:
O Arroz de Polvo estava óptimo.

Comentários

Anónimo disse…
É apanágio dos alentejanos cozinhar bem! :-)
Anónimo disse…
Rui, o enólogo da Casa de Darei não é o Pedro Pereira?
Ou será a mesma pessoa?

Gosto muito deste tipo de vinhos.
Já tenho o Lagar de Darei 2003 à minha espera na fonte, em Darei (o 2002 foi um dos meus preferidos nos últimos tempos).
Pingas no Copo disse…
Miguel estamos a falar da mesma pessoa, do enólogo Pedro Nuno Pereira.
Por acaso já provei o Darei 2003.
Eduardo Lima disse…
Se houver outra encarnação, quero nascer no Alentejo.
Anónimo disse…
Pois, eu cá não preciso! :-)
Pingas no Copo disse…
Bom, falando em encarnações ou reencarnações, continuo a gostar muito da minha matriz, que vem lá de cima. Das montanhas. Que continue :-)
Abraços
Anónimo disse…
Também há lá bom vinho e boa comida, para os seus lados. Que o diga o Vallécula!

Amanhã às 15:30 estou no Encontro. O barbudo à porta! :-)