Smith Woodhouse LBV 1995

Os Portos são a grande lacuna na minha aprendizagem como enófilo. Que o meu pai não leia estas palavras. Ele é um filho do Douro. Para ele, aliás, não existe vinho do Porto. "Onde têm as vinhas?" Existe vinho fino, do Douro. Percebo onde ele quer chegar. São os homens que trabalham a difícil terra que oferecem ao mundo este néctar e não os outros que vivem lá na cidade.
Fruta madura quente, envolvente, com o caramelo e baunilha no primeiro impacto. Breves sensações a mato húmido davam-lhe complexidade (imaginação?). Chocolate e frutos secos, com umas pitadas de canela, eram o toque final. Nunca me cansei de cheirar.
Na boca muito guloso, redondo, com a acidez a proporcionar uma excelente frescura. Mastigável. Um final médio longo. Bebe-se com muito prazer, sem se tornar simples.
Um LBV que pertence ao universo da Symington Family e parente do Warre's (ainda tenho o 1994). Coloca-nos num patamar de elevada de qualidade. Para quem não chega aos Vintages, por variadas razões, é uma óptima opção. Gostei francamente. A nota que lhe ofereço não tem qualquer termo de comparação, dado que o leque de Portos que provo é muito reduzido. Nota Pessoal: 17
Algumas Questões
Pareceu-me que este LBV tinha capacidade para evoluir positivamente em garrafa. Será vantajoso guardar alguns LBV's? Ou estamos perante vinhos que são para beber, logo que saiam para o mercado? Lembro-me de uns Quinta do Infantado LBV 1996 e 1998 que tinham arcaboiço para durar (eram musculados, excessivos).
Amigos meus, mais doutos na capacidade de análise, comentavam bastas vezes que muitos LBV's podem durar uns bons 10 aninhos. Verdade ou nem por isso?
Gostaria de criar um banco de LBV's para ir provando ao longo dos próximos anos.

Comentários

Anónimo disse…
Do mínimo conhecimento que tenho, à partida um LBV não filtrado, tem boas condições de envelhecimento.
Este que provaste é um bom exemplo, assim como o Warre's, Niepoort ou Quinta do Infantado.

Ainda há bem pouco bebi um LBV de 1990 em perfeitas condições.

Mas como tudo, o que vem nos "manuais" nem sempre se deve levar à letra!

Cheguei-te a falar da "brincadeira" em que participei com os "20 anos" engarrafados em alturas diferentes?
Anónimo disse…
Partilho a minha ignorância quanto aos Portos. Sei que já bebi um lbv da Quinta do Infantado, que acompnhou, surpreendentemente para mim, um quiejo, e só depois um docinho. Dizem que é moda lá para trás os montes...

Se levarmos em diante o tal encontro entre amigos, e se alguem dispusesse a levar, uma ou duas garrafinhas de porto, em conjunto com uma explicaçãozinha, seria engraçado...
Anónimo disse…
Eu de Vintages e LBV's também não tenho grande histórias, mas de facto os LBV's podem durar. Não convém é deixá-los abertos muito tempo sem consumir tudo, pois não se aguentam, embora talvez um bocadinho mais que os vintage.
Ultimamente provei um LBV Ramos Pinto de 98 (depois da visita à Quinta da Ervamoira) e estava bastante bom.
Pingas no Copo disse…
Pedro Sousa, geralmente quando faço uma jantarada com a minha quadrilha existe sempre um porto ou um moscatel.
Anónimo disse…
Pedro sousa (p.t.), eu como devo ser o único a vir do Porto, calha-me a mim a fava de ter que levar um Porto ( Vintage de preferência que vocês são exigentes) para o jantar... :) e com todo o gosto!
NOG disse…
Taylors LBV 2000: bom, fácil de se encontrar e barato. Um dos melhores no mercado (pelas razões descritas).

Abraços,

N.
Paulo Pacheco disse…
"Gostaria de criar um banco de LBV's para ir provando ao longo dos próximos anos."

Cria, cria..

carissimo..

não te esqueças é de convidar quando for a altura de provar....


:)
Pingas no Copo disse…
Caro Paulo, pode ser que leve alguma parte desse banco até aí.

Um abração
Rui
Anónimo disse…
Caro Pingus,

Este LBV que provou tem uma característica particular e que passo a descrever, utilizando a informação disponível do produtor:

"Este LBV foi envelhecido em cascos de carvalho durante um período de quatro anos, após os quais foi engarrafado sem ser filtrado ou clarificado em 1999. Esteve depois alguns anos nas nossas caves de Vila Nova de Gaia, a maturar em garrafa, e só depois foi colocado à venda.
Este prolongado envelhecimento é crucial para o desenvolvimento do sumptuoso ‘nariz’ e dos fabulosos sabores que emprestam a este Vinho do Porto estilo e complexidade muito semelhantes aos do Porto Vintage. A maior parte dos LBV’s hoje produzidos são envelhecidos em madeira e depois sujeitos a uma pequena filtração, sendo em seguida postos à venda, sem qualquer envelhecimento em garrafa. O tradicional método de envelhecimento utilizado neste Late Bottled Vintage distingue-o de todos os outros ‘modernos’ LBV correntemente disponíveis no mercado."