Dão Hi-tech

Quem diria, quem imaginava que uma das regiões mais paradas (a par da Bairrada), que mais tempo demorou a acordar, optasse por enveredar, também, pelo plano tecnológico. As mudanças que têm surgido nos últimos anos alargam-se, agora, aos rótulos, aos nomes adoptados por produtores e enólogos. Os exemplos que vos trago são dignos do léxico usado nas mensagens entre telemóveis (não ficaria admirado que um dia surgissem rótulos com palavras e termos sms). Cores e expressões muito ao género século XXI. Um autêntico volte face (bastante inesperado) no que respeita a vinhos do Dão. A caminhar para uma era espacial? Satirizando, imagino um cenário meio contraditório. No meio das montanhas, uma pequena casa de pedra com ligação por satélite, ovelhas em redor monitorizadas por GPS. O pastor observa os vários pontos (as ovelhas) num monitor.
Only (tn) 2004 (Anselmo Mendes). Um tinto de cariz leve, fácil e aprazível. Os aromas mostraram-se frescos, onde sugestões de terra húmida se envolviam com flores e bagas. Impressões de cedro surgiam de forma, mais ou menos, vincada.
Na boca pareceu-me possuir alguma finura e suavidade. Fiquei com a ideia que o destino dele é ser bebido com descontracção. Não será muito indicado para grandes reflexões enófilas (digo eu). Para desfrutar. Nota Pessoal: 14
T.Nac 2005 (Quinta da Falorca). Um touriga nacional que teve direito, apenas, a um mês de estágio em barricas. Aroma exuberante, viçoso. Cheio de fruta, com (fartas) insinuações de lavanda e alfazema, mato e flores. Ao terminar o Verão e a encaminhar-me para o Outono, parecia que tinha recuado no tempo e estava na Primavera. A sensação de beleza vegetal criou-me alguma confusão temporal.
Sabores frutados e silvestres bem vincados. Uma sensação de frescura muito presente e quase enibriante. O corpo tem estrutura suficiente. Está jovem, viçoso. Pareceu-me que o melhor será bebê-lo neste estado. Um varietal urbano, moderno e bem esgalhado. Nota Pessoal: 15,5

Post Scriptum:
Já começa a ser estonteante o número de marcas que surgem a partir do Dão. Quem diria?

Comentários

Luis Prata disse…
Está forte este novo Dão.

Não é o que faz um vinho mas gosto bastante dos rótulos, simples e modernos. Os nomes também são bastante atractivos.

As notas de prova tão bem descritas (pelo menos para mim), deixam-me com vontade de procurar pelas garrafas algures por aí...

1 Abraço
Anónimo disse…
Pingusm uma pergunta...

Este T. nac. 2005 'e o Quinta da Falorca T.N. ou um novo rotulo criado pelo produtor?

Abracos
Pedro Guimaraes
Pingas no Copo disse…
Pratas não ligues muito ao que escrevo. As falhas são muitas e depois terás que descontar algum exagero da minha parte. De qualquer maneira obrigado.

P.Guimarães é um novo rótulo criado pelo produtor.

Abraços para os dois.
Anónimo disse…
Ufa!!!!!

Fico contente, o Quinta da Falorca nos diversos tipos, e dos vinhos que me agrada mais no Dao...este novo lancamento previa uma mudanca de prefil nada ao meu agrado, assim me deu a entender a prova.

Abracos e obrigado
Pedro Guimaraes