Utopia (Regional Beiras) Colheita 2001

Se tiverem queda para as flores, muitas flores, ou desejarem ter um jardim cheio de pequenos pontos coloridos, gostarão certamente deste vinho (que devia ser Bairradino). Quase que jurava, a pés juntos, que saíram do copo rosas, braçadas de rosas. Malmequeres, violetas e alfazema.

Encontrei este vinho num curioso ponto de evolução, atestado de cheiros do campo. Presença da fruta era ligeira, discreta, mas suficiente para o que se pretendia. Nada de exageros. Morangos, amoras e framboesas no ponto ideal de maturação.

Durante a noite, foi deixando paulatinamente aquele lado mais floral dando lugar à especiaria (mais ou menos exótica) e às ervas aromáticas. Cravinho, cominhos, carqueja e poejo seco (será usado para estes lados?) pareciam ajudar à refeição (uma coxa de pato assado no forno, acompanhada por suave puré de batata). Em jeito de terapia, acercaram-se aromas de eucalipto, de pinheiro. Com ares destes o peito fica limpo e apto para continuar a respirar decentemente.
Na boca revelou-se equilibrado, cheio de frescura. Corpo fino, esbelto e bem perfumado. No final pontificava uma original sensação citrina (talvez tenha sido a acidez a dar sinal). A sua aptidão para estar ao pé da comida ficava reforçada.
Mais um tinto de 2001 com muita vida, bem cozinhado pelos Cozinheiros, e com estrutura para ir fazendo a sua vida ao longo de muitos anos. Não é nenhuma Utopia esperar por estes vinhos (com Baga). Nota Pessoal: 16,5

Comentários

Anónimo disse…
Eu pessoalmente adoro estes vinhos...não falho nenhuma colheita até à data!!!

Na tua opinião o 2001 vai progredir quanto tempo?


Abraço,

Pedro Guimarães
Pingas no Copo disse…
Pedro, dizer-te quanto vai evoluir é um enorme risco, mas pessoalmente não teria problema em guardar-las.

Achei muito curioso o estado desta botelha. Pessoalmente tenho em cave as colheitas mais recentes.
Paulo Coelho Vaz disse…
Caro amigo

Definir um vinho das Matas do Lourical como sendo um vinho da Bairrada é "demasiado" forçado. Compreendo que os bloguistas são apaixonados, que inebriados pela sua própria paixão, às vezes se excedem! Mas não se pode de deixar ser correcto nestes cometários.

A Quinta dos Cozinheiros situa-se no extremo do concelho da Figueira da Foz, portanto bastante a sul do extremo sul da Denominação de Origem da Bairrada (de Cantanhede às Matas do Lourical são aproximadamente 50 km).

Além do mais o sul da região da Bairrada e as Matas do Lourical encontram-se separadas pela bacia do Mondego o que origina, como deve compreender, diferenças climatéricas profundas, as quais associadas às características morfológicas do terreno, resulta num terroir distinto e único em Portugal.

Os vinhos da Quinta dos Cozinheiros não deixam por isto de ter uma enorme qualidade e um a capacidade de guarda profunda, associada em especial à casta Poeririnho (a conhecida Baga na Bairrada).

A Quinta dos Cozinheiros, que se encontra em termos de classificação na Região das Beiras (essa desastrosa classificação), representa com a Quinta da foz de Arouçe, dois lugares únicos na produção de vinho de excelência e de guarda, longe dos estereótipos tão do agrado dos neo-enófilos.

Saudações enófilas
Pingas no Copo disse…
Caro Paulo, ficam registados os seus comentários.

O que referiu, espero que acredite, é do meu conhecimento e de outros que por aqui andam, tanto a Quinta dos Cozinheiros, como a Quinta da Foz de Arouce. Assumo que coloquei grosseiramente e de consciência, a denominação Bairrada. Fi-lo, acima de tudo, para termos todos um ponto de referência.

Como disse e bem, excesso é algo que não pretendo abandonar. Iria tirar muito tempero ao que dizemos e ficaríamos iguais aos outros. Sem piada e sem sabor.

Saudações Enófilas.
Anónimo disse…
São os chamados preciosismos!

Sou um leitor atento de quase todos os blogs de vinho. Não querendo ser indelicado com nenhum, apenas digo que são uma pedrada do charco.

Têm a coragem de vir a público dizer o que pensam.