Dona Matilde (Douro) Tinto 2007

Um tinto que conseguiu verter para o copo suavemente e sem aquele ar negro, compacto e espesso dos outros. Atreveria-me a dizer que a cor surgiu vestida de forma brilhante e intensa. É perigoso apresentar-se ao mundo de modo diferente do resto. Não é fácil, nos tempos que correm, percorrer outros caminhos, quando o grosso da multidão anda por outro lado. Corremos o risco de pregar para as plantas, para as moscas ou, na melhor das hipóteses, para os peixes, como Santo António.
Cheiros frescos e limpos. Aroma vivo e cheio de fruta vermelha e molhada. A madures pareceu-me no ponto. Deu-lhe a necessária suculência. Cambiou (para dar um ar mais castelhano) para nuances resinosas e vegetais. Alguns bálsamos potenciavam a frescura e o asseio do tinto. Era visível o peso do vegetal.
Uma singular sensação a casca de amêndoa foi marcando discretamente presença. Vou evitar dizer que recordei as velhas a partir a casca do fruto. Não podemos abusar de descritores nem de comparações, mais ou menos, esquisitas ou extravagantes. Dizem que é sinal de debilidade técnica. Temos, agora, que controlar a narrativa e torná-la menos pormenorizada. Que seja. Enfim, matam tudo em nome da credibilidade.
O sabor era frutado, leve, e resinoso. Comportamento aprazível, suave e levemente clássico. Final seco.
Um tinto do Douro que se bebe com agrado e satisfação. Nota Pessoal: 15

Comentários

JSP disse…
mas quem diz isso costuma produzir notas de prova tão sequinhas e desengraçadas, coitadinhas...

antes cada um continue fiel ao que é e ao que quer. quem não gosta, não come...
Gus disse…
Caro,

Onde se arranja este Dona Matilde?!
Quer o branco, quer o tinto, ainda não os vi à venda.

Abraço e Boa Páscoa!
Pingas no Copo disse…
Gus, aqui em Lisboa, na Garrafeira Nacional.

Boa Páscoa.