Vinhos Étnicos (Gravato - Beira Interior - Palhete 2005)

No meio do enorme Oceano por onde deambulam várias barcaças, reparo que a maior parte delas carregam assuntos comuns, bocejantes (será que existe esta palavra?) e, quase, sem interesse. São raras as ocasiões em que aparece uma com algo diferente, com qualquer coisa que não entra nos cânones estabelecidos pela nossa crítica. Começo a pensar que eles, os críticos, são mesmo secantes, tal como a erva daninha. Limpa-se por cima, mas a raiz continua saudável Efectivamente não conseguem ser irreverentes. Não são capazes de sair do factual, do esperado, do frugal.
Faz tempo que reflicto, interiormente, sobre o lado étnico do vinho. Se olharmos para o nosso rectângulo reparamos que existe um boa dose de vinhos que assentam como uma luva nesta filosofia. O Vinho Verde tinto é um exemplo típico. Depois encontramos ou encontrávamos os Petroleiros da Vidigueira, os Brancos Leves da Estremadura. O próprio Bairrada Clássico, talvez o mais conhecido, é um vinho étnico. O Palhete é outra dimensão. Ainda hoje assisto à produção anual deste tipo de vinho feito com uma mistura de uvas tintas e brancas. É o vinho da família.
Este Palhete da Beira Interior surgiu no copo com uma forte componente vegetal. Era visível, a imagem do cachiço. As sensações percorreram, quase sempre, um registo ausente de doçura. E, pessoalmente, só tenho de agradecer. Ainda assim, sou confrontado com algumas nesgas de fruta de aspecto silvestre. Deram-lhe alegria.
Não querendo abusar, em demasia, de argumentos delirantes, diria que, por momentos, senti um leve fumado.
Sabores secos, muito secos, com a acidez a dar-lhe vida. Sentia-se a rusticidade, via-se que não existiam refinamentos supérfluos. Alguns toques de fruta fresca tentavam arredondar a sua forma de estar.
É, literalmente, um vinho que pede por comezainas regionais. Ao lado delas, e fresco, fará uma parelha dos diabos. Para quem possa ter dúvidas: é vinho! Nota Pessoal: 15

Pergunta de algibeira: Será que neste mundo global, formatado, e demasiado parecido entre si, existirá espaço para este tipo de vinho?

Post Scriptum: Vinho enviado pelo Produtor.

Comentários

AJS disse…
Estes vinhos "simples" são os mais indicados para as "comezainas" regionais ou mesmo internacionais. O prazer da boa, e muita, comida também o tenho, a espaços cada vez maiores que a saude pede. Este tipo de vinho é o mais indicado para estas manifestações de primitivismos. Já agora como é que se dirá em inglês Palhete. AJS
AJS disse…
E esta!!
Caro Pingus aguardo pela tradução oficial.
Raul Carvalho disse…
Comentários muito bons destes tipos ou tipas...

HAHAHAHA

Abraços e saichen
Pingas no Copo disse…
Bolas!!!
Nunca tinha assistido a uma coisa destas!
Pingas no Copo disse…
Os samurais não deixam um tipo em paz. Ando farto de os caçar, mas eles surgem por todo lado.
JSP disse…
Viva.

Curioso ver «todos» os enoblogs .pt afectados pela mesma maleita.

Uma possível solução:

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