Independent Winegrowers Association 2011

Mais um ano passou e mais uma vez aconteceu a, já tradicional, apresentação dos vinhos do grupo Independent Winegrowers Association no Ritz.
É, com toda a certeza pessoal, um dos momentos mais esperados. Com o desenrolar da vida, o encontro com este grupo de produtores, agora reduzido com a saída da Quinta de Covela, é, na verdade, um reencontro entre amigos, que se juntam temporada após temporada. A conversa é talhada por sentimentos de cumplicidade, sem rodeios, sem cuidado no que se diz e como se diz. São poucas as ocasiões em que consumidores e produtores baixam as defesas desta forma.

Os vinhos, objectos principais, continuam a reflectir os projectos de cada um dos produtores, sem desvios, e identificadores do que cada um quer e pretende. É bem!

Brancos de SanJoanne. Frescos e minerais, citrinos e austeros. Estão consistentes e nota-se que a máquina vai afinando de colheita para colheita. Destaque para o Superior. Um vinho branco sénior.

Os tintos da Quinta da Vegia reflectem o carácter mais borgonhês do Dão. Falar deles, para mim, não é fácil. Frescos, limpos, cheios de nuances que os vinhos desta região possuem. O Reserva da Colheita de 2007 deu indicações que irá, já é, ser um tinto nobre, cheio e complexo. Fica, ainda, o registo para o Rosé. Frutado, é certo, mas verdejante e viçoso.

Domingos Alves de Sousa, para além dos tintos que apresentou, o Quinta da Gaivosa está senhorial, o destaque vai para os brancos. Parecem-me que estão mais conseguidos, mais personalizados, chamam atenção. Evidentemente que o Reserva Pessoal, da Colheita de 2004, demarcou-se dos demais. Não é um vinho fácil, não será, não o é, do agrado de todos, mas é um raio de vinho. O Porto Branco, 10 anos, foi outro que não passou despercebido.

Luis Pato divulgou os seus espumantes, os Duet, em que a Baga combina com outra casta. Para todos os gostos e feitios. Uns de mais fácil acesso, outros nem tanto. A Bairrada bem vincada em toda a linha. Peguem neles assim que os virem. As diferenças são curiosas.

Quinta do Ameal, a escola do Loureiro. Vinhos brancos delicados, desenhados com muito cuidado, repletos de subtilezas. Como sempre, ficou-se admirado com a capacidade de envelhecimento que revelam. O Colheita de 2001 era um mundo de cheiros finos, de odores, de emoções indescritíveis. Para sonhar.

Na Quinta dos Roques é-se confrontado com a elevada qualidade que os vinhos de entrada, dos Roques e das Maias, possuíam. É, por vezes, uma tontaria, desligarmo-nos deste tipo de vinhos, não lhes dando a devida importância. Depois, os estandartes da casa: Encruzado e Touriga Nacional. O primeiro muito novo, ainda em construção. Tinha sido sacado da barrica há pouco tempo. O segundo continua na senda dos seus antecessores, não defraudando expectativas. De qualquer modo, foi o Garrafeira da Colheita de 2008 que mereceu a maior ovação. Sai para o ano.

Findo o périplo, aconchegou-se o corpo, que a alma estava já meio quente. Aqui estão os acepipes comidos. Não há necessidade, portanto, de repetir palavras. Termino, apenas, com uma salva de palmas, de agradecimento, para o IWA, com um copo de Quinta da Vegia Reserva 2005.

Comentários

Anónimo disse…
e não é que te deixaram falar do Quinta da Vegia.... um abr
JP
Pingus Vinicus disse…
Ehehehe, fui autorizado pela cúpula enoblogger. :)

Um abraço
Rui
JC disse…
Olá Rui,

Sem duvida vinhos muito bons e que reflectem a tipicidade de cada região. Boa "reportagem".

Abraço. Joel Carvalho