Quinta dos Cozinheiros Maria Gomes 2009

Não vou alongar-me em considerações, venho apenas a terreiro, e no meio da arena da i-enofilia onde todos julgam ser Spartacus, dar alvíssaras a um vinho branco. Nada de mais, portanto!
Caramba, após tantos vinhos bebidos, não em prova cega, acabei de colher um que encheu as minhas medidas.
Limpo, crocante, seco, salgado, seixoso, com fruta verde e ácida. Temperado por ervas e flores secas. Um branco que não esmoreceu, que não quebrou, que conseguiu puxar pelo nariz e pela boca. Deu luta.

Franzi o sobrolho, apenas,  quando vi a treta da rolha. Pareceu-me deslocada e despropositada. Que coisa estranha, um aglomerado!? Num vinho, destes, a dar ideia de ser e poder evoluir bem? Costuma-se dizer: não bate a bota com a perdigota. Ainda assim é para comprar, desfrutar, curtir e beber, não em prova cega.
Para os interessados, o objecto em causa está acessível a menos de 10€.

Comentários

Antonio Madeira disse…
Conheci brevemente esse simpatico produtor no Vinho ao Vivo este verão.
Acho que pela localização não tem direito a qualquer DOC.
Trabalha em biologica (ou biodinamica?), alem do sitio e do empenho, talvez isso explique algumas das qualidades do vinho que mencionas.
Pingas no Copo disse…
António, é Regional Beiras. Acho que devias explorar este conceito de "vinhos atlânticos". Acho que irias gostar.
Ricardo Oliveira disse…
Pingus, é um enorme produtor (na qualidade) que infelizmente tem passado ao lado da imprensa especializada. Tenho um carinho especial pela casa, pelas gentes e pelos vinhos.

Ainda tenho uma garrafa destas, e conto comprar - logo que seja possível - mais algumas irmãs.
Anónimo disse…
Sou da Quinta dos Cozinheiros e, portanto, apesar de não me chamar Maria Gomes, sinto-me muito orgulhosa pelos excelentes comentários feitos.
Toda a razão em relação à rolha. Tenciono que os próximos Maria Gomes sejam francamente mais 'dignificados', também quanto a este ponto. Para este, de 2009, 'ainda não deu...'.
E aproveito para informar que os stocks respectivos quer do de 2007, quer deste de 2009, já se esgotaram, cá na casa...
Se o encontrarem à venda nas lojas com quem trabalhamos, é aproveitar. Até porque, na verdade, ele 'aguenta' muito tempo em garrafa - tenho um 2005, para consumo da casa, que está fantástico!
Muito obrigada a todos mais uma vez.
E biba o binho Maria Gomes - e os outros que cá temos, também, claro!
Já agora, sabem-me explicar por que razão esta casta é masculina em todo o país e feminina por aqui e pela Bairrada? O que não deixa de ser muito engraçado...
Graça Mendonça
Pingus Vinicus disse…
Olá Graça Mendonça, é sempre com satisfação que se recebe a visita de um produtor. Obrigado e venha mais vezes.

De facto nos últimos dias, tenho reencontrado a Quinta dos Cozinheiros e sentido muito prazer nos seus vinhos, alguns deles ainda com a mão do saudoso mestre.

Ainda hoje provei o Poeirinho da Colheita de 2003 e o Lagar da Colheita de 2004 e devo-lhe dizer que estão atravessar uma fase muito boa de evolução oferecendo muito prazer.

É pena que os consumidores em geral não apontem para este estilo de vinho, mais fresco, mais vegetal, mais balsâmico, resinoso por vezes. Depois revelam ter enorme aptidão gastronómica.

Sobre a questão do comportamento da casta, não serei de todo o mais indicado para responder, mas não seráo o clima tendencialmente atlântico, mais fresco, "mais delicado" por aí e pela Bairrada a ditar as diferenças?

Cumprimentos
Rui Miguel Massa
Abílio Neto disse…
Pingus,

Lindo!

Abr.,

An
Pingus Vinicus disse…
Abílio, Epá obrigado!

Abraço