Vindimas no Dão, Parte III e Final

Termino o périplo, circunstancial é certo. Encerro com a alegria de ter aprendido mais uma nesga.

Quem atende este homem, conhece o sorriso, por vezes tonto, que larga quando deambula por entre velhos caminhos junto ao Mondego. Há em todos os recantos algo de familiar e emoções injustificáveis. Sente-se e pronto.

Termino, desta vez, não com a visita a uma Quinta, de qualquer produtor mais ou menos famoso, mas com uma breve inspecção ao meu Quintal. É lugar de histórias, pequenas, simples, mas carregado de simbolismo, de remakes, de tiradas mais ou menos felizes e infelizes. A infelicidade faz, também, parte da História.

Durante anos, e armado de teorias modernistas, afastei-me de tais lugares onde homens e mulheres retiravam e retiram parte do sustento. De pequenos talhões, corrimões, latadas e lameiros sacavam a couve, a batata, a nabiça e o vinho.

Maltratei, durante muito tempo, o fruto das velhas cepas, o líquido que saía do lagar, da pipa caduca. Foi simplesmente escorraçado, sem dó.

Agora, e sem tornar-me lambujeiro, atrevo a dizer que nada surgiu disparatado. Os princípios estão lá, e são respeitados. O vinho, é produto resultande de brancas e tintas, surge palheto no aspecto, vegetal e ácido. Enquadra-se, bem, com a cercania e respeita, na plenitude, o conceito de étnico. Parece-me que é isto e não outra coisa qualquer.

Nas imagens que fixei, por agora, notei que são pedaços de passado que vai desaparecendo, sumindo dolorosamente. Um dia teremos, apenas, uma foto sem motivos.

Que volte cá, outra vez, a Isabelle Legeron que anda a trautear, esta altura, por caminhos da Geórgia e da Arménia em busca do mais primitivo modo de fazer vinho.

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