Quinta da Boavista (Terras de Tavares)

Chegar ao sítio revelou-se tarefa sinuosa. Custosa. Tão perto e tão longe.

Por entre montanhas, vales, pedras e fragas, pequenas aldeias, lugarejos e encalhado algures entre Mangualde e Penalva do Castelo surge o domínio da Quinta da Boavista.

A paisagem fustigada por incêndios, desertificada de povo, de sons e de risos, encerra em si, ainda, pedaços de um passado vibrante.

Ouvem-se, ainda, sussurros de velhas almas deambulantes. A vida, essa que vai faltando, caminha de forma agoniante para a malvada extinção. Triste sina.

É, no entanto, o local perfeito para as experiências e diabruras de Tavares de Pina. Escondido do mundo, o governador da praça procura tirar o máximo partido das suas vinhas. É figura irrequieta, sonhadora e insatisfeita.

Aposta na Touriga Nacional, sem qualquer medo. Quer lá saber do fartote de alguns. Deseja que ela represente a sua terra, o seu olhar sobre o vinho do Dão: fresco e vegetal.

Acredita na potencialidade da Jaen. Elegeu-a como estandarte, colocando-a numa posição cimeira, criando vinhos firmes, musculados. Aposta e arrisca. Fez bem.

Pelo meio vai desenvolvendo, aperfeiçoando os seus Reservas (2003, 2004 e 2006). Sem pressas e sem pressões, vai deixando-os escondidos, libertando-os após complexarem, após tomarem a maioridade. Parece-me bem.

E, como não havia de ser, fechei este capítulo sobre o Dão com uma taça pingada com Reserva de 1997. Vinho que cumpre os preceitos de outros tempos. Saúde!

Comentários

João Barbosa disse…
um brinde ao João Tavares de Pina :-)
ricardo disse…
Dão têm de ter esse Jaen!
Finalmente vou provar estes vinhos em Dezembro que vêm!
Pingus Vinicus disse…
Ricardo, acho que irás apreciar ;)
Rui A. Teixeira disse…
Tenho cá guardadas, ainda, umas poucas garrafitas do Quinta das Mais - Jaen 1997,um fabuloso representante desta casta.
Rui A. Teixeira disse…
Gostaria ainda de me juntar ao brinde que aqui foi feito ao João Tavares de Pina por aquilo que aqui li.