Estava algures num local, em postura completamente aluada, quase desligado de algumas coisas que se iam falando, de volta dos meus botões e de um copo com vinho, por sinal, muito bom. Por ali ficaria, se não tivesse surgido lá do fundo, um simples comentário que certamente estaria contextualizado com alguma conversa. Eu apanhei, somente, uma parte que encaixa em muita coisa que vou sentindo, repetidamente, em muitos vinhos portugueses. Infelizmente e desgraçadamente, aquela passagem vinda lá do fundo, só fez cimentar a (minha) opinião que em Portugal, a malfadada madeira nova, ou coisas semelhantes a ela, ainda teima surgir em jeito de domínio superlativo em grande número dos nossos vinhos. Marca e destrói a presumível dignidade de uma casta, de um vinho.
Ao coberto sabe-se lá do quê, muitos vinhos oferecem-nos, ainda, coisas que já não queremos. Ao coberto sabe-se lá do quê, produtores insistem, porque se calhar acreditam, ou disseram-lhes, que aquele toque de madeira exacerbada iria dar sucesso. Que iria calcorrear com mais facilidade o caminho para o êxito. Há, ainda, nesta forma de olhar para o vinho, algo de muito provinciano, algo de novo-riquismo desnecessário. Um riquismo que para alguns serve, ou servirá, apenas para afundar ainda mais as suas pretensões. Mais gritante, o facto, é que esta peste teima em percorrer todo o país, surgindo em zonas que estavam, presumivelmente, a salvo dela. E, como sabem, quem apanha ou fala de uma moda que já não é, ou que não devia ser, só atalha caminho para o seu fim. Acho eu...
Comentários
Quem não a quer que beba Palhete.
Caro anónimo, não será por certo à Madeira, na sua génese, que Pingus Vinicius se refere, mas ao "sabor a madeira/aparas e serradura" que acompanha muitos vinhos.
Na minha opinião esta "madeira" é precisa. O mercado é grande, está a crescer, é global e não podemos manter os nossos vinhos todos como os que gostamos de beber. O vinho era para os velhos (nestas andanças), hoje já não é, o vinho era do velho continente, hoje já não é... se pensarmos assim acabamos como os vinhos franceses... vinhos de elite, vinho que chegam aqueles, que depois de terem pago, não podem dizer mal. - é como a bimby.
Tim tim