Pagar, não pagar ou nem por isso!

Francisco Barão da Cunha, autor do blog Enófilo Militante, por diversas vezes, tem levantado a questão das provas pagas, que segundo parece estão pegar moda. O autor, meu amigo e co-fundador da Garrafeira Coisas do Arco do Vinho, refere, e eu comprovo, que durante os treze anos em que esteve à frente de tal garrafeira, nunca foi cobrado qualquer escudo ou euro pelas provas que lá se realizaram. Apetece dizer: os tempos eram, definitivamente, outros. Estes momentos de divulgação, na altura, não eram coisas normais, não era comum termos aqui ou além, apresentações de vinhos, com os produtores e os enólogos responsáveis ali à nossa frente. Vivia-se uma autêntica Primavera enófila. 
Desde os finais dos anos noventa passou-se muita coisa. A titulo pessoal, e por razões que não interessa muito, não fui ou não sou um frequentador assíduo destas ou de outras ocasiões semelhantes (pagas ou não pagas). Ou porque não podia, não posso, não me apeteceu ou apetece ou porque não. As razões, as minhas, nada têm a ver com juízos de valor sobre o tema. 


Sobre o assunto, em causa - as provas pagas, atrevo-me a dizer que começo a ser, e sem estar a cem por cento sustentado, adepto. Cabe ao promotor decidir. 
A pouca experiência diz-me que o simples facto de ter que se contribuir altera totalmente, em alguns casos, o perfil do interessado. Fico com a sensação, também ainda pouco fundamentada, que quem vai, vai porque quer estar, porque quer efectivamente conhecer, provar ou beber, como queiram. E não, porque é uma borla para beber uns copos, um pequeno hiato de descontracção antes de ir para o trabalho, casa ou jantar. 
Creio que quando se paga, falo por alto e em termos genéricos, é-se mais responsável, mais atento, mais exigente. Espera-se, necessariamente, outro serviço, outro atendimento. O inverso, a gratuitidade, torna-nos mais complacentes, menos disciplinados. 
É decididamente um assunto controverso, em que ambas as visões terão razões bem sustentadas e válidas. Uma faca de dois gumes, como o Francisco refere. Mas é um assunto que merece séria reflexão. Contudo, fica a sensação que é uma ofensa pedir algo para se ter algo. Quase um ultraje. 

Comentários

Anónimo disse…
E quando se paga ou não e o serviço é o mesmo? O que dizer disto?
francisco cunha disse…
Olá Rui
Bela intervenção e obrigado pela referência ao meu blogue.
Abraço,
Francisco (enófilo militante)
Anónimo disse…
O problema é que a pagar ou não a diferença não se nota. Apenas têm menos pessoas.
francisco cunha disse…
Mais uma achega, para baralhar: a Wine O'Clock, pelo menos em Matozinhos, não cobra as provas.
Francisco B. Cunha
Pingas no Copo disse…
Francisco vai ser curioso, avaliar o que irá acontecer no futuro, no que respeita ao assunto.
Um forte abraço