O Primeiro

O primeiro não é na maior parte das vezes o melhor, o mais bem conseguido, que nos satisfaz na totalidade. Por vezes, carrega às costas imperfeições, arestas por limar, inúmeras falhas. Apesar de todos os eventuais desalinhos, acaba por ser curiosamente o mais marcante. Marcante, porque do nada e sem nada apareceu. Apareceu, porque naquela altura tinha que aparecer. Foi o ponto de partida e todos os pontos de partida dão origem a uma viagem. Curta ou longa.

O tempo tem-lhe feito muito bem. E apesar de todas as incoerências, minhas e do vinho, sempre gostei muito dele, vá-se lá saber porquê.

E as suas incorrecções, com o amadurecimento do tempo, tornam-se perfeições que fazem recordar diversas peripécias do passado, com um simples sorriso nos lábios, sem qualquer mágoa. Eram tempos de ingenuidade, em que se pensava que tudo era possível, alcançável e que o mundo estava ali ao dispor de uma simples passada.

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