Bifana de Vendas Novas? Não, obrigado!

Não é uma critica gastronómica, é antes um acto público de perplexidade pessoal e ao mesmo tempo de libertação. Digamos que é, acima, de tudo uma declaração pública.
Sempre olhei como muita estranheza para fama desmedida que as bifanas de Vendas Novas revelam. Nunca consegui perceber a razão, o motivo para tanta reputação desta sandes de carcaça torrada, com um bife de porco, super fino e batido até à exaustão, perdido no meio do pão e com um molho que dizem ser o Segredo.
Ano após ano, e após centenas de passagens ao longo daquela incontornável rua da bifana, onde cada restaurante alega ter as mais genuínas, continuo a ficar impressionado com as filas, com as multidões que se dirigem para comer o pouco excitante acepipe. Ainda observo com pasmo, ao fim de tantos anos, a satisfação dos diversos comensais e o rodopio de travessas a ser colocadas em cima das mesas. Chegam cheias e rapidamente são devolvidas vazias. 


Para meu regozijo, consegui encontrar na autodenominada capital da bifana, um espaço meio escondido que tenta quebrar com a ditadura bifaniana. Antiga tasca reconvertida, permite ao viajante parar por breves momentos, beber um copo de vinho, servido de forma muito decente e comer algo que não seja a fatídica e cansativa bifana, apesar de a ter, mas numa abordagem algo diferente e aparentemente mais saborosa. Sem complicar, sem ser o que não pretende ser, podemos aqui optar por um conjunto de opções rápidas, bem apresentadas e bem conseguidas e seguir viagem com outro estado de espírito.


A Hamburgaria Nacional é, a partir deste momento, o meu cais de descanso, bem longe do barulho, da confusão das travessas cheias de carcaças preenchidas por um pedaço de carne de porco que é quase virtual. Acabou o meu suplicio. 

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