1992

Epá, a coisa que mais me chateia é não conseguir encontrar nada de relevante em mil novecentos e noventa e dois. Deve ter sido um ano desenxabido, sem sal ou então pelo outro lado, terá sido enviado para as calendas para nunca ser relembrado, por causa de alguma coisa menos digna. A porra é que não me lembro de nada. Parece que tenho um hiato e eles começam a ser muitos. Começa a ser uma vida com demasiados buracos negros. Ai, ai...



Sei que em mil novecentos e noventa e dois ainda era frequentador assíduo da Vinícola, essa enorme catedral da cerveja à beira rio, na margem sul. Tenho certeza. Também tenho a certeza do estado lastimoso em que saía de lá. Ah e ainda era estudante de Matemática Aplicada, tinha cabelo claro e barba ruiva. Mas e o resto? Pelo menos fica a imagem de um (muito) bom vinho do Porto vindo de mil novecentos e noventa e dois. O tal ano que quase não existe. Pelo menos isto.

Comentários