Os Ofícios do Hugo

Gosto da postura do Hugo Silva, da sua forma ponderada, equilibrada, como olha para o mundo do vinho. Percebo que é um estudioso, que não tem dogmas, não estabelece barreiras e não diaboliza nenhuma das múltiplas formas de fazer vinho. Aprecio muito a forma discreta como se apresenta ao mundo. Não faz estardalhaço, mas é preciso no que diz. Reparo que anda (ainda) em busca de um ideal de vinho. É, efectivamente, uma personagem que aprecio bastante (foram poucas as vezes que nos cruzámos), que sigo com a atenção que me é possível. É um puto, perdoem-me a expressão, que se vai fazer.


É fácil dizermos que gostamos de um vinho, quando ele nos é oferecido por alguém que, ainda por cima, estimamos e gostamos. Bem mais difícil é dizer o contrário. Portanto, uma lapalissada


Gostei do vinho. Gostei do carácter franco do vinho. Gostei dos aromas, que deambulavam por entre a fruta madura, mas fresca e viçosa, e sensações terrosas. Gostei, permitam-me o exagero organoléptico, do perfume a mato, a erva rasteira, ou coisa que o valha, que parecia ter. Gostei do seu sabor fresco, limpo e suculento. Gostei muito da forma como se deixava e deixou beber. Profundamente escorreito. Gostei, porque me soube bem, porque tive prazer,  porque curti, porque sim.

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