Hábitos ou Tradições

Das coisas que sinto mais falta é dos sabores e cheiros lá de cima. Aqui no meio do betão, sinto-me desfalcado de muita coisa, mesmo quando tento reproduzir aquela comida, aquele tempero, aquele hábito ou tradição. Por muito simples que seja o preparado, não fica igual, não sabe ao mesmo. Falta, acima de tudo, enquadramento. Falta, até, a pronúncia, o sotaque. A linguagem da tribo.



Adorava os assados no forno que se faziam na terra. Nada de grandes complicações ou longas preparações. A simplicidade era a matriz comum a conduto e acompanhamentos. Alho, colorau, pimenta e louro. Às vezes alecrim e ou carqueja. Depois azeite, vinagre e vinho provenientes de produção familiar. Da minha família. As entradas não passavam de azeitonas, de pão, de umas meras lascas de presunto. Fechávamos sempre a refeição com o queijo e requeijão. 


Vejo pelo avanço da idade, pelo afastamento, que a tendência será o sumiço. Dizem que é, também, sinal da evolução, de modernização. Preferia, permitam-me, voltar atrás.

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