José Maria da Fonseca

O tema vinho não se resume só, e ainda bem, à prova. Para além da análise, falível e perigosamente repetitiva, de aromas e sabores, pra lá do copo, existe uma realidade, em alguns momentos, muito mais interessante, que apela à intimidade e à reflexão. A insanidade da prova torna-nos menos atentos ao que gira em redor. A mente focaliza-se, apenas, no que irá/está a cair no copo. O resto não interessa, não tem qualquer relevância. A enófilia fica amputada, reduzida a um teste cheio de léxico preliminarmente programado, tal comida pré-feita.

São diversas as Casas de Vinho em Portugal (JMF é uma delas) que possuem relevante património edificado. Indo de Norte a Sul, conseguiríamos apontar, no mapa, uma mão cheia de pontos enófilos em que, para lá do vinho, podemos interpretar, compreender, perceber melhor a magnificência de cada um desses lugares. E tudo isso, sem agarrar numa única taça. Acredito que para os puristas dos ensaios sensoriais, vistorias deste estilo, estejam ausentes de qualquer interesse. Basicamente sem valor. É que o enfoque é outro. É mirar os arredores, é fixar pormenores. Depois de que vale, por vezes, falar daquilo que todos falam!?

Comentários

Luis Carlos Pereira disse…
É verdade, sim senhor. Temos belos exemplos espanhalhados pelo páis e com interesse.
Boa abordagem!
Catenaccio disse…
Belo texto!

No meu caso, falar em José Maria da Fonseca (JMF) é visitar o passado. Quando andava a estudar na Universidade, tive uma disciplina de 4.º ano chamada Gestão da Produção. Na altura, creio que em 1993, tivémos de escolher uma empresa para realizar um trabalho e o meu grupo seleccionou a JMF.

Lembro-me que fomos muito bem recebidos, explicaram-nos o processo de vinificação em detalhe e ainda provámos alguns vinhos, em ambiente descontraído e bem disposto. Recordo-me do museu, mas na altura não soube apreciar a prova: era rapaz mais amigo de cerveja e vodka laranja. Se fosse hoje, faria a visita com outros olhos e redobrado interesse.

Lembro-me, ainda, que a apresentação do trabalho foi bastante valorizada e, se procurar bem, devo conseguir encontrar o .doc com o resultado final do que escrevemos. Era curioso, agora, passados todos estes anos, voltar a ler o trabalho.

Um abraço.
Pingas no Copo disse…
Caro Catenaccio, curioso, tenho dois amigos que em fases diferentes do seu percurso académido, também realizaram estudos baseados na JMF.

Lembro-me, vagamente, que os trabalhos pouco tinham a ver com o vinho, como líquido, o que não deixa de ser curioso. É mais um exemplo de que o mundo vinho é efectivamente muito lato.

Um abraço

Caro Luis, abrigado

Um abraço
Caro "Pingas no Copo",

Agradecemos o seu post!
Volte sempre!

A José Maria da Fonseca