A paixão pelo vinho, e o mundo que o rodeia, desperta nos homens os mais variados e díspares afectos. Cada um de nós tem uma história para contar, por causa do vinho. Por causa de uma mera garrafa recorda-se um momento, um qualquer laivo de vida passada. Outras vezes guarda-se uma botelha daquele ano muito especial que servirá para, mais tarde, oferendar. São fartos os motivos e as razões. Muitas delas, sem qualquer justificação plausível, objectiva ou racional. São sentimentos que vagueiam pelo íntimo de cada sujeito.
Num país como o nosso, em que o vinho desempenha importante função, eram muitas as famílias que engarrafavam o seu vinho, guardando-o, à medida que iam saindo do ventre os seus novos descendentes. Pelo Douro a prática seria, eventualmente, mais comum que no resto do país. Ainda recordo, naqueles serões entediantes para um puto, acesas discussões sobre o assunto. Havia sempre alguém que se queixava de não ter tido a sorte de receber um espólio que contemplasse umas quantas garrafas empaturradas com o cobiçado líquido.
Para os zeladores, presentear com algo com este grau de proximidade afectiva, acredito que seja acto de elevado reconhecimento. Para quem recebe, terá que ter a extraordinária habilidade de o compreender e respeitar.
Depois, falar de um vinho coberto de pessoalidade é, na maioria dos casos, tarefa complexa, demasiado custosa. Aqui, para o caso, trata-se de um vinho com 80 anos. Um vinho, de família, que celebra o nascimento de uma menina. Um Porto de respeitável idade, digno da menina. Elegante, domado, nobre e requintado.
Um vinho que engrandece todas as meninas que são nossas mães, nossas filhas, nossas mulheres, nossas irmãs...!
Comentários
AJS, envia os meus cordiais cumprimentos para a Menina!
tenho uma garrafa da menina para quem se interessar....
hb2009@sapo.pt