Tenho estado a reconverter o meu aglomerado de garrafas. Deixarei de falar em garrafeira. Parece-me expressão exagerada para o património que possuo e que alguma vez possuirei.
Neste reajustamento, tenho reparado que o valor por garrafa baixou drasticamente. Os dedos de uma só mão chegarão, neste momento, para contar vinhos de semblante mais celestial. O valor médio do espólio andará pelos quinze/vinte euros por vasilhame, com tendência para descrescer ainda mais.
A aposta é/será no produto nacional. Não irei perder tempo com o novel paradigma que defende que fazemos, apenas e só apenas, réplicas, sem alma e sem futuro. Curioso, e já agora, não ver ninguém no meio da i-enofilia dedicar-se exclusivamente ao estudo, à divulgação do admirável mundo do vinho estrangeiro. Seria, numa altura em que se procuram novas oportunidades, outras chances, o timing perfeito para marcar a diferença. Vá lá, aproveitem o conselho. Recordaria tempos, os mais novitos não se lembrarão, em que o produto estrangeiro era preferido ao nacional, nem que fosse feito na Conchinchina e vendido em Ceuta.
Ao fim de alguns anos, continuo a ter o mesmo comportamento nas preferências. O Alentejo é residual. O Douro e o Dão ocupam esmagadoramente os alvéolos disponíveis. Tenho, ainda, a posse de alguns tintos da Bairrada. Restantes regiões demarcadas vão marcando presença de forma esporádica.
Ainda outra coisa: O vinho fica pouco tempo em depósito. Assim que possa, que queira, por um motivo ou por outro, é despachado. Foi feito para ser bebido. Saberei lá se estarei aqui, no amanhã ou no depois de amanhã. Tudo, portanto, numa lógica de comprar e consumir.
Comentários
uma boa ode à guarda de vinho, que sim, é para beber! :)