O Dão e duas mulheres

Tinha que o fazer publicamente, acima de tudo pela minha consciência, acima de tudo para ficar em paz comigo. Tinha, porque tinha de o fazer.
No dia seis de Dezembro de dois mil e catorze, serei entronizado pela Confraria dos Enófilos do Dão. O acto, em si, não sendo um fim, é um marco. É certo, também, que a relevância do facto, é aquela que cada um quer dar. Para mim, simboliza uma forma de estar, uma forma de olhar o mundo, uma forma de ser. Representa memórias, vidas, tristezas e alegrias. E tudo acontecerá nesse dia, de forma muito intensa.
Tenho recordado, durante as últimas semanas, todas as peripécias, desde as mais felizes até às mais infelizes, até às mais dramáticas. O chorrilho de emoções é pujante e pujente. Batem a todo o instante, a todo o momento.


Sou aquilo que sou, por causa de uma dupla de mulheres que tornearam e torneiam a minha vida. A minha mãe Maria, a minha mulher Paula. Em diferentes estados da minha complicada evolução, permitiram-me fazer o que queria fazer. Bem ou mal, permitiram-me, deixaram. Uma fez-me apaixonar pela sua Beira que era Alta, pela sua Serra, pelo seu Dão. Contou-me histórias de embalar, de encantar. Fez-me ser parte de um mundo imaginário que era dela. A outra, suportou e suporta, dias após dias, os meus anseios, as minhas dúvidas, o que queria e o que já não queria. Ouviu e ouve, com aquele olhar tipicamente sulista e defensivo, os meus mais estranhos e disparatados sonhos.
O acto de dia seis, seja ele qual for, é dedicado a vocês, é para vocês. Para já, não vos consigo dar mais, mas a ambas queria dizer simplesmente: obrigado.
 

Comentários

Emilio disse…
Todos somos nós mas também somos um pouco a pessoa que fica mais perto de nos. Parabéns pelo post, Rui. Li com emoção e gostei muito :)
Pingas no Copo disse…
Obrigado Emilio :)