Livra! Também isto?

Quando estes vinhos e quejandos iguais começam a usar a expressão vinhas velhas, apetece-me pedir para que não metam nos vossos rótulos tal indicação. Começa a ficar demasiado banal, vulgarizado, corriqueiro. Começa a saturar. Não metam. É quase uma afronta às vinhas que são mesmo velhas ou às vinhas que são mesmo especiais.


Epá, comecem a usar outras referências como vinhas imberbes, infantis, vinhas adolescentes, vinhas da puberdade, vinhas de meia idade, vinhas idosas ou vinhas do outro mundo. Só para contrariar. Puxem pela imaginação, para serem diferentes, mas não exagerem muito. Já há muita vinha, reserva ou colheita especial.
De um momento para o outro surgiram uma porrada de vinhos que são de vinhas velhas. E eu que pensava que as vinhas velhas eram qualquer coisa que estava em vias de extinção, a rarear. Algo quase holográfico. Como sempre, estava enganado.


Começo a achar que existe rótulo a mais para tão poucas vinhas velhas e similares. Até fotos com velhinhos a pousarem junto a uma qualquer cepa de idade avançada surgem com assiduidade. Verdadeiros milagres da multiplicação. Faz lembrar o que se dizia sobre a touriga nacional. Pouca Touriga para tanto vinho. Apetece dizer que basta estar no rótulo vinha x que a malta compra.

Comentários

Anónimo disse…
É um facto que muitas das vinhas dessas zonas, Amareleja, Mourão, Pias, Serpa, etc, são realmente velhas. Além disso acresce que são velhas mais cedo que as vinhas noutras zonas do país pelo calor extremos que faz as vinhas terem uma esperança média de vida menor se forem de sequeiro (coisa que depois da implantação de sistemas de regadio a partir do Alqueva vão deixar de ser problema).
Penso que a questão das designações de rótulo deviam ser regulamentadas pelas CVR's. Como em França, Alemanha e Espanha, onde até os vinhos com perfil "novo mundo" têm direito/dever a uma menção especial.
Não vale a pena marchar contra as designações comerciais das quais se usa e abusa. O vinho bom, como em França ( e nisso eles são os maiores) nem precisa de contra-rótulo para explicar nada!
Boas provas,
JS
Anónimo disse…
Vinhas velhas não quer dizer nada.Em muitos casos faz parte da marca comercial, aliás, vinhas velhas é uma marca comercial.
Pingas no Copo disse…
JS nunca tinha pensado nessa questão do "clima extremo", implicando que as vinhas "fiquem velhas mais cedo".
Abraço
Anónimo disse…
É de facto. Vinhas de sequeiro e ainda por cima expostas a calor contínuo e extremo (aqui também podemos encontrar o mesmo problema em alguns pontos do Douro por exemplo) fazem com que as vinhas envelheçam mais depressa. Mas um viticólogo pode explicar isto melhor que eu, que sou só um curioso. De qualquer forma, a questão aqui seria a banalização de um termo não oficial, ou de uma designação de marketing, que por não ser regulamentada pouco tem a dizer sobre a qualidade do vinho.
JS
Pingas no Copo disse…
Sim, para mim a questão passa pela banalização do conceito, bem como pela banalização do conceito de vinha diferenciadora. De um momento para o outro surgiram uma quantidade de vinhos que provenientes da vinha x, y ou z.
Anónimo disse…
Ok, vejamos como fazem em França, apesar de haver problemas que daí advém na mesma: compramos um vinho de Saint Emilion e só por dizer Grand Cru (que na verdade não quer dizer nada e qualquer pessoa pode por no rótulo)sabemos logo que há uma diferença enorme de um Cru Classé (mesmo tendo em conta todas as problemáticas dessas classificações); ou na Borgonha, o sistema de Classificação também faz com que vinhos da mesma vinha (algumas Grand Cru e Premier Cru) só por serem vinificadas por produtores diferentes (mesmo que venham de uma linha 2 metros ao lado) podem ser um vinho vulgar e banal. Penso que em Portugal, haveria capacidade e matéria prima para que as cvr's chegassem a um modelo de classificação de terroirs e vinhas que fosse uma mistura desses dois sistemas. Um mais centrado nas características do locale outro um pouco mais focado nas técnicas de vinificação e respectivos resultados e consistência de produto.
JS