Quinta dos Aciprestes Reserva 2003


Desta vez a Revista dos Vinhos acertou em cheio no vinho que escolheu. Feito com Touriga Nacional e Touriga Franca. Estagiou em barricas de carvalho francês e americano. Um autêntico jackpot. Uma boa pinga. Se calhar, bastava-me dizer isto para transmitir o prazer que tive ao beber este vinho da Real Companhia Velha. Mas como sempre irei dizer qualquer coisa. Um dia esgotarei todos os adjectivos que uso para criar uma nota de prova. Quando chegar a esse patamar, fecho a loja e vou para casa.
Uma cor muito bonita, espessa, compacta.
Aromas de uma frescura e envolvência que são raras de encontrar. Quase tudo no ponto certo. Nada rústico (se bem que existe espaço para este tipo de vinhos). Fruta vermelha que vinha de mão dada com toques de eucalipto e cedro. Casca de pinheiro. Quantas vezes me lembrei dos pinheiros que existiam perto das "cortes" dos meus avós. Eu e os meus primos íamos para lá brincar, fingir que éramos heróis de um mundo qualquer imaginado por nós! No regresso tínhamos à espera uma legião de adultos com cara de poucos amigos...
No copo o vinho ia evoluindo. Mineral e chocolate preto. Mostrava uma boa torrefacção que fazia recordar aquele tabaco do meu avô. Muito eu gostava de cheirar... Inumeras memórias ia ressurgindo. Tenho muitas saudades da minha infância. Foi bem passada. Muitas histórias se contavam à lareira. Discutiam-se os rendimentos...
Na boca era muito envolvente. Muito suave e fino. Quase pecaminoso (ai se a minha mãe me ouvisse dizer isto). Nada estava fora do lugar. Bebe-se e bebe-se. Com prazer. Mastiga-se e Saborea-se. Deixa na memória sugestões balsâmicas, silvestres, juntamente com um rasto a chocolate e fumo muito agradáveis. Quase pecaminoso.
Merece a nota que foi atribuída pela RV. Nem mais nem menos.
Nota Pessoal: 17

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