Trindade e Ribeirinho nas Baceladas

Acabou o Fim de Semana, o descanso. A semana que passou foi extenuante. Muitas reuniões, muitos critérios pedagógicos para aferir. Horários para corrigir (obrigações de um Presidente de Conselho Pedagógico. Já lá vão uns bons anos). Como a ministra disse no Prós e Contras: "Está tudo a correr pelo normal". Eu rolei a rir. Desta vez, ela tinha uma claque a bater palmas. Tá certo, também merece.
Vamos é falar das pingas do descanso...
Depois de ter tido uma visita menos feliz na Casa de Atela, regressei e reparei que andava um branquinho chamado Torre da Trindade, de 2005, arquitectado com Fernão Pires. Uma casta que tenho vindo apreciar. Já agora, peguem no Companhia das Lezírias Fernão Pires e depois digam-me alguma coisa. Mas voltemos a Atela.
Aromas verdes, bem frescos. Casca de laranja, tangerina e limão. Evolução para um comportamento mais denso. A hortelã e menta refrescavam a fruta e enriqueciam o conjunto. De pregar o nariz no copo.
Na boca elegante, com boa duração. Fresco. Arrumadinho, sem grandes desvios. Final de boa memória. Um conjunto que me pareceu com alguma personalidade, elegante e muito saboroso. Gostei.
Nota Pessoal: 15
Agora um tintinho que acompanhou umas massas. Do produtor Luis Pato, Quinta do Ribeirinho Primeira Escolha 2003.
Um vinho que não sendo muito complexo ou difícil de analisar cumpriu muito bem a sua função. Sem defeitos. Aliás quem sou eu para declarar, de forma taxativa, que determinado vinho tem problemas. Como sabem as minhas apreciações têm por base o meu gosto, o meu prazer. Gosto, não gosto.
Aromas silvestres e vegetais. Muitas amoras, mas mesmo muitas. Terra molhada, algumas flores. Pareceu-me encontrar toques de apara de lápis (lembro-me sempre da minha escola primária. Aquele cheiro...). A compota adoçava o conjunto. Na boca, deu-me a ideia que tinha um pouco de gordura. Taninos bem metidos no corpo. Bebe-se e bebe-se, sem pensar muito. Final silvestre. Uma boa opção.
Nota Pessoal: 15
Termino com um vinho que começa a ser uma escolha quase obrigatória, para mim. Quinta das Baceladas. Ando de volta dele, desde a colheita de 1999. Sempre apreciei o seu estilo. Diferente. Boa relação qualidade/preço.
Desta vez a saquei a rolha (sempre que saquem a rolha vão até aqui) de uma garrafa de 2003. Mantém o estilo das anteriores colheitas. Continua apelativo, sem arestas a picar ou magoar. Todo ele bem desenhado. E ainda bem. Deviam existir muitos mais vinhos assim. Abrem-se e voilá. Não falham. Este Bairradino (abandonou a denominação Beiras) foi construído com Cabernet Sauvignon, Merlot e uma pequena pitada de Baga.
Aromas frutados, balsâmicos. Muito bosque, cogumelos, fetos. Chocolate, canela e caramelo. Bolas, que delicioso. Na boca, era fresco, elegante. Guloso, saboroso. E, neste momento, estou a ficar com dificuldades para encontrar mais uns quantos atributos. Vocês já devem ter notado.
Nota Pessoal: 16,5

Comentários

Amigo Rui um pequeno detalhe... gostava de ver os preços em alguns vinhos, uma questão comparativa de relação preço/qualidade.
VinhoDaCasa disse…
Epá ó Rui não posso concordar contigo desta vez!

Bebi ( não provei, pois tava de férias) este verão o Quinta do Ribeirinho Primeira Escolha 2003 e fiquei impressionado com o vinho, preto na cor, muita amora preta, o tal toque mineral, que tu e bem enumeras, mas uma boca densa e encorpada.
Achei um vinho moderno e muito bem trabalhado. A tua nota deixou-me triste.

Eu assim de cabeça estava à espera de ver um 17 na tua nota.

Vais me obrigar a ter que comprar outra para analisar em condições é ?
:)

Grande abraço
NOG disse…
Rui,

Também gosto bastante tanto do LP Qta Ribeirinho e do Baceladas.

Sobre o primeiro acho mesmo que podia ser um sucesso de vendas, não fosse a falta de projecção da Bairrada (aliás, Beiras). É um vinho guloso e fácil.

Quanto ao segundo aprecio a sua consistência, e preço acessível. O de 2003 está de facto muito bom (mas prefiro o de 2001). É pena é todo aquele aparato internacional no nariz. É um aroma que já cheirei muitas de vezes no "novo mundo", sedutor, mas sem piada.

Um grande abraço, e viva os professores (ambos os meus pais o são).

N.
Pingas no Copo disse…
Copod3. Bem gostava de colocar os preços dos vinhos. Mas muito sinceramente não me lembro de muitos deles. De qualquer maneira tomei nota.
Por alto, posso dizer-te que o Ribeirinho custa +-10€, o Baceladas +-11€ e o Trindade não faço a minima ideia porque não fui que o paguei.

Frexou dizes 17 para o Ribeirinho??? Bom, estamos a falar de um patamar muito elevado para um vinho destes (para mim é claro). A minha nota revela isso mesmo. Um vinho bom, mas não para esses valores. E atenção que estamos a falar do meu gosto. E o gosto é como sabes discutível. Está intimamente ligado ao que sentimos.:)
Não quero entrar em questões de qualidade, porque isso é para os experts. Se olhares para os 17 que costumo dar...

E claro que podes não concordar com a minha opinião. Um pouco de sal e pimenta nas nossas conversas só faz bem...Mas não nos podemos esquecer de uma coisa. Somos amadores. Devemos centrar a nossa conversa neste nível. :)
Mas 15, para mim, é uma boa nota. Em alguns casos muito boa mesmo.

Nuno, tens razão o 2001 é superior. De qualquer forma, os vinhos mantêm o estilo. Boas pingas que não falham. E tenho gostado de quase todos eles. Diria-te que meteria no intervalo 16-17 os Baceladas 2000 a 2003. 1999 caíria nos 15,5.

Um abração
O eterno problema das notas... pois, eu pelo que já me contaram do perfil do vinho e pelo preço que me pedem não o vou comprar, deste produtor só tenho em boa memória os Vinha Pan e Vinha Formal.

Depois penso que as notas são sempre uma opinião pessoal, agrada a uns e menos a outros, mas isto é mesmo assim afinal os gostos são pessoais... eu sigo a linha de pensamento do Rui, se der um 17 a este vinho onde coloco por exemplo um Vila Santa ? 18 ? Então e depois como classifico um Alion ?? dou 19 ?? por essa lógica qualquer vinho melhor e que se encontram no mercado teriam 20 ou mais de 20...Frexou dando o devido valor à tua escala de apreciação não achas que a tens um pouquinho inflacionada ???

E depois pronto, Baceladas é Caves Aliança e isso para mim... os topo de gama deles são dos vinhos que eu não perco por nada, para quando o topo do Dão :)
Anónimo disse…
Caro Pingus

O Quinta das Baceladas é de facto um vinho maravilhoso (e barato!!).
Aconselho-te a esqueceres-te de umas garrafas na garrafeira, por uns anitos e depois conta-me...
Isto, está claro, se gostares de vinhos com algo mais que fruta.
Abraço

Pedro Guimarães
Pingas no Copo disse…
"Aconselho-te a esqueceres-te de umas garrafas na garrafeira, por uns anitos e depois conta-me...
Isto, está claro, se gostares de vinhos com algo mais que fruta."

Mais que fruta? Eu fujo de vinhos só com fruta...
VinhoDaCasa disse…
Talvez a minha escala esteja um pouco inflacionada é verdade. tenho que a rever.

Mas um 15 a esse vinho e um 16 ao quinta dos grilos? por exemplo...

Eu gostei muito do 1ª escolha do LP
Ai as notas, ai as notas...
NOG disse…
Mas será que sou apenas eu a achar que os Caves Aliança têm andado muito parecidos uns com os outros. A qualidade é muita, o gosto muito "novo mundo" como já disse, mas o problema parece-me de demasiada uniformidade (talvez o T da Terrugem fuga um pouco ao estilo, mas não muito).

Ou seja: quanto provo um Baceladas, lembro-me do Quatro Ventos, e por aí fora.

Serei só eu?

Abraços,
Ao amigo Frexou, se me falas do Grilos 2003 eu dou um 16 sem muito que pensar,o vinho na Wine Spectator teve 87 pontos, o 2004 já não merece tanta nota, agora sobre o Ribeirinho não posso falar da nota que supostamente lhe daria porque não o provei, e ao preço que está não me parece que o prove, tenho outras prioridades nesse patamar.
Depois a questão do gosto pessoal também manda um pouco...

Nuno achas que são assim tão parecidos ? Olha que os lotes são diferentes :) mas por exemplo um T é diferente de um Quatro Ventos Reserva ou de um Baceladas... agora se me falas das gamas mais baixas nisso pouco ou nada posso dizer, gosto do Quatro Ventos 2001 que penso ser um dos bons vinhos do Douro, Quinta da Garrida Touriga Nacional 2001 agora com um Reserva Touriga 2003 a surgir no mercado, o Casa D Aguiar, etc são tudo vinhos que eu tenho sempre um cantinho reservado na minha garrafeira.
Chapim disse…
A aliança sabe o q faz! Acredito que a participação do Michel Roland e do Pascal Chatonnet torne os vinhos de quinta deles algo próximos, mas são vinhos belíssimos e a força que a Aliança tem no país vinícola quase todo é impressionante.

Boas provas
Anónimo disse…
Sabem onde posso encontrar à venda o Quinta das Baceladas? Para usar o vale de desconto da RV... Obrigado!
NOG disse…
Rui, Com o vale não sei. Sem vale, no Carrefour a menos de €8,00.

João, bem sei que os lotes são diferentes. Mas é esse mesmo o meu ponto! Com lotes diferentes, de regiões diferentes, os vinhos continuam próximos. Consigo (penso que sim) distinguir um "T" de um "Q. 4 Ventos", mas o estilo parece-me semelhante (com ou sem Roland), tudo muito "certinho", a madeira irreprensível, etc. Ganha-se em qualidade perde-se em originalidade, digo eu! Mas sem dúvida, são vinhos que merecem a nossa compra. Raramente nos deixam ficar mal.

Abraços a todos,

N.
Mas eu quero vinhos certinhos... e com o traço da região onde são produzidos, não quero vinhos com madeira a mais, ou vinhos desequilibrados com muito álcool...

Tens razão, são todos diferentes mas todos iguais, o que não impede que sejam belissimos vinhos e atenção que falo dos topo de gama da casa. E estes tento não perder de vista na minha garrafeira.

Agora outra questão é os vinhos originais, sim também os procuro, compro e tenho mas são casos à parte... as Caves Aliança apostam numa finesse completamente diferente e eu a isso só tenho de bater palmas e agradecer.
Pingas no Copo disse…
"Agora outra questão é os vinhos originais, sim também os procuro, compro e tenho mas são casos à parte... as Caves Aliança apostam numa finesse completamente diferente e eu a isso só tenho de bater palmas e agradecer."

Uma questão interessante esta que levanta o João do Copo de 3. Os vinhos diferentes, aqueles que transmitem alguma originalidade e aqueles têm como objectivo sairem sempre certinhos, apelativos, gulosos.

Precisamos dos dois géneros ou não?
Não fosse assim e os vinhos seriam todos iguais... e depois como se podiam dar várias notas ? Deixavamos de ter criticos de vinhos...
O Rui parece que um tal Sr Joao Paulo Martins deu ao Ribeirinho a mesma nota que tu :)
VinhoDaCasa disse…
No guia da RV vem com 15,5.

Mas eu só dei a minha opinião, não sou um crítico "profissional"!

Se querem falar de diferenças grandes basta pegar na nota do Cinquentenário da RV com a da BW por exemplo.
Mas alguem te comparou com alguma coisa, o problema se é que se pode chamar assim já foi aqui abordado, tudo depende do gosto pessoal e de uma escala mais apertada ou nem por isso.

Pois mas eu não vou comparar a nota do Cinquentenário da Coop Borba da BW onde foi comparado com um vinho de talha... logo por isto a nota perde toda a possível credibilidade.
Anónimo disse…
A questão das notas dá sempre muita discussão. A moral da história, para mim, é a seguinte: Cada um siga o que lhe mais lhe convém. Para uns será fulano x, para outros será fulano y.
Para mim,o quero é beber um bom copo. Eu lá darei a minha avaliação. Que é a que conta.

Abraços para todos.

PS- Não me identifico porque não quero