Regresso a Santar

Motivado pela classificação que teve o tinto de 2004 na Revista de Vinhos do mês de Julho, acabei por tomar a decisão de regressar, mais uma vez, a Casa de Santar. Há muito que me tinha afastado dos tintos desta casa. Pareciam que não tinham alma, que andavam meio tristonhos. Era invadido pela nostalgia quando olhava para eles nas prateleiras. Os seus vinhos fazem parte da minha história enófila. Os Reservas de 1996 e 1998 são ainda recordados (por mim) com alguma saudade. Depois um nevoeiro obscuro abateu-se na adega desta distinta casa. Parecia perdida, sem rumo, sem tino. Afastei-me durante um largo período.
Com a entrada no universo da Dão Sul, reparei que surgiam mexidas, alterações, mudanças que apontavam para o ressurgimento da glória de outrora. O Branco Reserva, partilhado por mim aqui, juntamente com Condessa de Santar (br) e Conde Santar (tn) são exemplos sintomáticos dessa aparente mudança de rumo.
O que trago a palco é o tal tinto de 2004 que ocupou o primeiro lugar num painel preenchido apenas por vinhos de preço inferior a 4€ (comprei a 4,99€ no Intermarché).
Talvez por ter andado longe (e provavelmente influenciado pela boa prestação que teve), notei alterações significativas no vinho. A espinha dorsal estava bem delineada, bem projectada. Um estilo muito correcto, limado. Achei o vinho equilibrado, com uma elegância, com um aprumo, por vezes, difícil de encontrar nesta gama (baixa) de vinhos. A fruta e a madeira estavam bem envolvidos. Uma dupla afinada. Adjectivos como sedoso e acetinado são bem aplicados aqui.
O que mais me surpreendeu foi (voltar) sentir uma pequena ponta aristocrática que tinha andado desaparecida, durante muito tempo. Talvez em demasia. Um tinto para ser desfrutado enquanto é jovem. Cumpriu muito bem o papel atribuído. Nota Pessoal: 15

Um regresso feliz, desejado. Esperemos que as luzes, os salões voltem a brilhar. Que os jardins voltem animar, que as vinhas tragam novamente a classe aos copos dos consumidores.

Post Scriptum: Apesar de ter regressado a casa, de andar a preparar as coisas para voltar à escola (que faço esta semana), ainda não me libertei do espírito das férias. O que se reflecte na pouquíssima vontade em escrever por estas bandas.

Comentários

Anónimo disse…
Amigo, mesmo com essa preguiça sazonal, as tuas palavras são sempre bem vindas.
Quanto à casa Santar, já provei este vinho, e é daqueles que brilham em qualquer almoço ou jantar de pura confraternização. Muito boa relação qualidade preço
Pingas no Copo disse…
Caro amigo, uma preguiça enorme.

Sobre o tinto, concordo plenamente com o que dizes.

Um enorme abraço.