Casa dos Gaios (Dão) Reserva 2004

Terá sido, com grande probabilidade, a segunda vez que provei um vinho deste produtor (Pedro Paraíso). A primeira não contou, porque foi feita em ambiente de feira e de festa. Risquemos, então, a primeira e comecemos a contar a partir de agora.
Este Reserva de 2004 pertence necessariamente ao grupo de vinhos que foi surgindo nos últimos anos e que fez ressuscitar toda a região do Dão.
Os cheiros pareceram-me, tal como o resto, possuir aspecto tendencialmente vegetal e silvestre. Fiquei com a forte impressão que estava metido no meio de uma encosta cheia de mato por todo o lado. A profusão de aromas começava nas ervas aromáticas, ia passando pelos pinheiros e eucaliptos e terminava junto a um ramalhete de flores (Seriam violetas? Seriam rosas? Seriam hortênsias?). Limpo e com muitas sensações ventosas pelo meio.
A coisa
foi evoluindo lentamente e sem pressas. Uma nesga de hortelã e um pouco de lavanda continuavam a imprimir frescura ao vinho. A madeira deu sinais através de meia dúzia de grãos de cafés (por moer) e um leve rodopio de fumo que, volta na volta, saía do copo. Não querendo abusar, ainda fiquei com a impressão que havia um pouco de canela por perto.
Falta-me falar da fruta: Amoras e mirtilos.
Os sabores confirmaram a frescura, a vivacidade. Mostrou um conjunto de taninos vivos e capazes de serem mastigados. Paladar silvestre, com razoável amplitude. É um daqueles que pede comida para brilhar. Acho bem.
Resumindo, um tinto com boa dose de austeridade e de complexidade e que apresentou um leque de pormenores interessantes. Deu a entender que tinha estofo para evoluir com dignidade durante algum tempo e eu acreditei. Nota Pessoal: 16,5

Post Scriptum: Um tinto com a mão do enólogo Anselmo Mendes. Ele misturou a Touriga Nacional com o Aragonês.

Comentários

Caro Pingus

Pelo que demonstra é grande aficcionado dos tintos do Dão.
Tenho adquirido alguns tintos desta região e gostava de saber se tem referências sobre os mesmos e mais importante qual a sua capacidade de envelheciemnto.
Os vinhos todos tintos são:

Quinta da Fata Reserva 2004
Quinta das Estrémuas Reserva 2004
Dão Àlvaro Castro 2004 e 2006
Quinta do Cerrado Reserva 2003
Quinta da Garrida Reserva T Nacional 2004

Um Abraço
Pingas no Copo disse…
Caro José, dos vinhos que mencionou apostava para uma guarda relativamente grande o Quinta da Garrida e o Quinta da Fata.

Não me parece que os Dão Álvaro Castro sejam vinhos para ganhar com o tempo. Penso que a ideia é mesmo bebê-los enquanto jovens.

Sobre o Quinta das Estrémuas, é um estilo de vinho que agora está a surgir no Dão. Extraídos, com muita cor. Não tenho qualquer pista sobre o que eles vão dar.

Quinta do Cerrado seria curioso deixá-lo evoluir.

Um abraço
José Carlos disse…
Caro Pingus,

Em primeiro lugar queria deixar os meus parabens ás suas crónicas.
Entretanto gostava de saber qual a freguesia onde se situa a casa dos gaios.

Um abraço,

José carlos (Enólogo)
Pingas no Copo disse…
Caro José Carlos a freguesia é a seguinte: Povolide – Viseu, sub-região de Silgueiros

Um abraço