Caves de São João 2005

"Fundada em 1920 pelos irmãos José, Manuel e Albano Costa, as Caves São João são uma empresa familiar que, a princípio, se dedicava à comercialização de vinhos finos do Douro e licores.
Aquela que é hoje a empresa familiar vinícola mais antiga ainda em actividade no concelho de Anadia, passou, nos anos 30, com a interdição da elaboração dos vinhos do Porto fora de Vila Nova de Gaia, a comercializar vinhos de mesa da Bairrada. Nessa altura, inicia também a produção de espumantes naturais, pelo método “champanhês”, sendo de destacar, nesta fase, o importante papel do enólogo francês Gaston Mainousson." Informação retirada do site.

Durante bons anos, os vinhos vindos destas Caves tinham estatuto. Foi com eles que ensaiei os meus dotes de provador e apreciador. Costumavam ser vistos com muita frequência por casa. Abrir uma garrafa de Frei João Reserva (Bairrada) ou de Porta dos Cavaleiros Reserva (Dão) era um momento com alguma solenidade. Depois da colheita de 1985 começaram a perder interesse, acabando por cair, quase, no esquecimento do consumidor actual (situação comum, na altura, a quase todos os vinhos do Dão e Bairrada). De tempos a tempos, fazia curtas investidas para matar saudades. Os brancos eram, em muitas ocasiões, boas surpresas.
Depois de uma longa travessia, de um penoso caminho, este engarrafador mostra sinais de querer voltar para dentro do copo, de forma mais afoita, mais convincente, tentando forçar o consumidor a pegar novamente nas clássicas garrafas (com rótulo de cortiça) vindas das Caves de São João.

Porta dos Cavaleiros Dão Touriga Nacional Reserva 2005
Boa combinação entre cheiros e aromas provenientes da fruta, hortelã e baunilha. Uma apresentação fresca, revelando durante a prova bom nível de vivacidade e alegria. Percebia-se que haviam algumas flores pelo meio, bem como uma interessante porção de especiaria. Achei piada a uma pequena sensação a pimentos. Um conjunto aromático redondo e apelativo.
Os sabores insistiam naquele modo de estar redondo e acetinado, suportado por uma boa acidez. Sentiram-se sabores frutados, combinando agora com sugestões de tabaco e chocolate. Tudo limpo, sem arestas e pronto a beber já (e não guardar). Nota Pessoal: 15

Frei João Bairrada Reserva 2005
Comportamento um pouco diferente do seu companheiro do Dão. Aroma com mais vegetais (será do Cabernet Sauvignon que faz parte do lote?) e mais especiaria. Pimentas e cravinho. Viram-se, também, ervas aromáticas (qualquer coisa como tomilho e alecrim), bem como um farto ramo com flores secas. Folhas de chá insistiam no estilo. A fruta surgiu, ligeiramente, cristalizada e acompanhava com meia dúzia de rebuçados.
Na boca voltou a mostrar frescura (comum em ambos), apresentando uma razoável amplitude. O final revelou um pequeno toque balsâmico. Nota Pessoal: 15

Não querendo recorrer a afirmações absolutas, fiquei com a leve ideia que tornaram estes velhotes em algo (bem) moderno e fácil de beber.

Comentários

Anónimo disse…
Tinha referido num post anterior que este touriga nacional estava com uma qualidade/preço bastante boa (custa cerca de 5€). Falta talvez lavar a cara para apagar a imagem dos anos anteriores e modernizar a aparência, não?

Um abr
NF
Pingas no Copo disse…
É verdade sim senhor, são vinhos com uma RQP muito interessante.

Apesar de ser um saudosista dos antigos Porta dos Cavaleiros e Frei João, percebo e entendo esta mudança. O mercado é cruel com quem não evolui.
Anónimo disse…
Eu adorava os antigos porta de cavaleiros. E eram vinhos que tinham muita saida na altura. Agora com tantos vinhos novos nas prateleiras. Tenho de ver se encontro de novo e ver se bebo para ver como é que está.
Pingas no Copo disse…
Pelo que li, numa das últimas RV, o próprio Frei João branco sofreu uma autêntica lavagem, ficando mais "modernaço".