Vinhos Fundação Abreu Callado

Conheci, em tempos este produtor, não por causa dos seus vinhos de mesa, mas devido a um curioso licoroso que produzia (ou produz). Em abono da verdade, e recordando o meu passado enófilo, era um vinho interessante que não envergonhava ninguém, muito menos quem o fazia. Depois, tive uma ou outra incursão pelos vinhos desta Fundação Alentejana situada em Benavila (Avis).
De grosso modo, esta instituição existe no mundo como ideia de Cosme Abreu Callado. Para alcançarem um pouco melhor a história e filosofia desta casa, nada melhor que ir vasculhar no site institucional.

Os vinhos, cinco no total, reflectem, no seu conjunto, uma singular simbiose entre a tradição e a modernidade. Tentam, assim pareceu, avançar para dentro de século XXI, sem perder a raiz, o carácter mais tradicionalista. Os rótulos são um exemplo disso, reflectindo aspectos importantes da organização em questão. É de louvar quem opta por não esquecer os seus pontos de partida, o seu tronco de procedência.

Abreu Callado Tinto 2007 será, eventualmente, o vinho com a matriz mais rústica, desde o rótulo ao conteúdo. Desenhado a partir das castas aragonês, touriga nacional e alicante bouschet e com estágio de seis meses em barricas de carvalho francês. Mostrou-se regular em aromas e sabores, revelando fortes nuances vegetais e frutadas. A acidez estava puxadinha. Para beber, sem enormes preocupações.
Subamos no portefólio com Abreu Calado Cadeira da Moira Aragonês 2007. Frutado e sumarento, surgindo no espectro aromático uma curiosa sensação a lagar. Mais uma vez, notaram-se impressões vegetais enriquecidas, agora, com cheiros florais. Fresco, sauve e com a madeira bem enfiada lá no meio. No outro degrau aparece Abreu Callado Horta da Palha Touriga Nacional 2007. Agradável e aprazível. Numa linha muito semelhante ao Aragonês, com a barrica bem incorporada.

Quase no popo da escadaria surge Abreu Callado Reserva 2008 criado a partir de um blend com touriga nacional, aragonês, e alicante bouschet, tendo passado seis meses em barricas de carvalho francês. Mais gordo, com mais compleição que os anteriores. Balsâmico e fumado, compotas e alguma doçura que o tornavam consensual e jovem.
Finalmente lá no cimo Abreu Callado Dom Cosme Reserva 2006 que foi, de longe, o vinho que mais apreciei. Apresentou um conjunto de argumentos bem mais consistentes. Fumo, fruta, mineralidade e tosta confundiam-se, formando um bloco com valor e importância. O paladar era amplo, gordo, mas bem suportado pela acidez. Terá, no entanto, um enorme incoveniente: o preço pedido. Num mercado duro, muito competitivo, e abastado de ofertas bem mais conhecidas, vai ser complicado pegar nele.

Post Scriptum: Os vinhos foram enviados pelo Produtor.

Comentários

Anónimo disse…
isso é que é sorte
Anónimo disse…
sorte tens em provar estes vinhozinhos
Pingas no Copo disse…
Que saudades tinha eu de um anónimo!

Tudo bem?
PA PITO EL MIO disse…
A sorte de uns é a inveja de outros...
Anónimo disse…
encontrei uma garrafa AC reserva 2009 e vou oferecer para o natal a uma pessoa canadiana que so conhece vinhos australianos a chilenos. nunca provei vinhos deste produtor mas vou confiar no facto de vir rotulado com 2 premios. medalha de bronze international wine chalenge e prata 2012 concours mondiale bruxelles. e uma raridade encontrar destes vinhos tao distante de toronto canada