A Política e os Vinhos

Com tantos estudos, análises ou inquéritos feitos ao sabor das mais diversas tendências, inclinações, gostos ou preferências, por que ninguém, ainda, se dedicou a estudar as escolhas da nossa laboriosa classe politica e governante? Será que determinada corrente de pensamento ou partido que se defende (são coisas bem diferentes), poderão ser factores determinantes no processo de selecção de um vinho? Alvitremos, da presumível esquerda para a presumível direita e em jeito meio jocoso, as seguintes hipóteses:
Desconfio que os membros do Bloco de Esquerda não bebem vinho. Inclino-me, antes, para o consumo de destilados, dado que combinarão melhor, na maior parte dos casos, com um belo charuto. O vinho, eventualmente, poderá trazer à liça alguns pensamentos mais conservadores. Mas acredito que para acompanhar caviar, deverão beber, de vez em quando, algum champanhe.
Os militantes do Partido Comunista Português consumirão, naturalmente, vinho alentejano, de baixo custo, é certo, em formato bag-in-box e sempre proveniente de Cooperativas. Não creio que, alguma vez, bebam vinho de produtores engarrafadores privados. Pior, será, se tiverem na sua genealogia alguma réstia monárquica ou burguesa.


Os Verdes, naturalmente, beberão vinho com uma joaninha no rótulo, biológico, sem adição de qualquer componente químico. Creio, também, que só terão autorização, por parte dos seus protectores, para consumir vinhos da grande planície. De outros lados, só com anunência superior. Beberão, por certo, mais água natural.
Os Socialistas, já algum tempo, tendem para vinhos da Beira Interior. Mesmo que não gostem, em privado, defendem-nos publicamente, sendo que, no entanto, alguns desalinhados preferirão tintos da Bairrada, do Dão ou do Douro, mas não fazem o seu manifesto em público. Ainda não.



Os pretensos Sociais Democratas, com ajuda do Secretário de Estado da Cultura, andarão a consumir muito vinho do Douro e algum vinho do Dão (o cavaquistão ainda existe). Mas não consigo ver o nosso PM, não sei porquê, com dotes de grande conhecedor. Há ali qualquer coisa que ficou, ainda, dos tempos da Jota, em que o líquido preferido era um verde gaseificado.
Chegados ao Populares, outrora Democratas Cristãos, e para fazer jus ao epíteto de defensores da lavoura e do lavrador devem ou deverão beber, apenas, aquelas pingas acres, mas caseiras e tradicionais, feitas pelos nossos velhotes da província. No entanto, tenho a leve sensação que aquela malta gasta dinheiro, que gosta de provar coisas diferentes e de todos os lados. Não devem, penso, é perder tempo com vinhos, ao contrário dos seus tradicionais adversários, oriundos de Cooperativas (Alentejanas).
Sobre os outros, julgo que não valerá a pena perder tempo.
E o nosso mais alto magistrado da nação, apreciará vinho? Na verdade, por Belém, não consta que tenhamos tido PR's conhecedores de vinho (português). Quando reparo naqueles brindes circunstanciais, em copos de cristal rendilhado, fica a impressão, se calhar só minha, que o vinho ou os vinhos não passam de Portos ou Moscatéis de quatro euros. Na verdade só abona em favor da Instituição Presidencial: Poupa-se dinheiro!

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