1975: O Ano do PREC

1975 foi um ano bastante sui generis. Em 1975 decorria, entre tanta coisa estranha e confusa, despropositada, resultado de um estado de não se saber muito bem o que fazer, o tal processo revolucionário em curso, vulgarizado com a sigla PREC. Durante e ao coberto do dito processo revolucionário meio cubano, meio albanês, meio ceausesquiano, meio português, aconteceram diversas peripécias que recordo, apesar dos quarenta anos de distância, ainda com alguma clareza. 


Lembro que pertencer a uma família do norte, na altura, não era coisa que se pudesse dizer com alguma liberdade. Principalmente se se vivesse nos arrabaldes da margem sul. O inverso aconteceria, digo eu, mais a norte. As coisas estavam e andavam muito extremadas. Não se podia ser neutro, indiferente. Ou se era contra ou favor. Ou se estava com ou não se estava com. Não havia meio termo. 


Já terminado o famigerado processo revolucionário, que para muita gente (que conheci) foi rebaptizado de recreio, recordo que e já na escola primária, algures em 76/77, ainda pertencia a uma minoria na sala. E perante a pergunta, colocada pela Dona Fernanda: "de onde são?", nós lá íamos respondendo inocentemente, sendo que o sobrolho, do outro lado, ficava mais ou menos carregado, consoante o que se ia ouvindo. Terá sido a primeira vez que fui escrutinado.

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