Quinta das Bágeiras e Mário Sérgio

A leitura é minha. A interpretação é minha. A análise é minha. Errada, enviesada ou mal compreendida, a dedução das palavras de Mário Sérgio Nunes é da minha pura responsabilidade.


Durante uma breve visita à Quinta das Bágeiras, onde foi possível conhecer mais de perto as instalações onde são feitos os diversos vinhos deste produtor, o que retive, para além dos vinhos provados, foram as palavras ponderadas e equilibradas do guia turístico do momento: o próprio Mário Sérgio. Ao contrário do que seria de esperar, em tempo algum, pareceu-me, ouvir afirmações de desdém sobre outras visões, modos ou maneiras de fazer um vinho. Não ouvi, sou franco, dizer que a minha maneira é que está ou estava certa e os outros estão ou estarão errados.


O que importava, note-se este aspecto, é que os vinhos não apresentem defeitos crassos ou, em última análise, não se idolatrem, por exemplo, vinhos eventualmente naturais ou biológicos ou biodinâmicos, só porque são simplesmente isso (palavra que coloco em itálico). Principalmente quando estão, algumas vezes, carregados de imperfeições imperdoáveis (raciocínio meu). Como também não se devem diabolizar aqueles que seguem outro caminho. Até porque, todos os vinhos, em última análise, são manipulados, trabalhados, preparados com um objectivo e um propósito bem definido. Para mais tarde, fica outro conceito que anda aí na berra e que foi levemente tocado: vigneron. Categoria que parece agradar a muita gente.
E quando se esperava um rol de argumentações em defesa de um modo de estar como se fosse uma verdade única e indesmentível, é-se confrontado com uma postura completamente liberal e universal. Até porque, palavras minhas, o que muitas vezes parece não é e vice-versa.


Sobre os vinhos, que acompanharam de forma irrepreensível o almoço, será escusado tecer longos comentários, descrevê-los de forma exaustiva, replicando, por certo, a maior parte dos comentários que se fazem sobre eles. São conhecidos por grande parte dos que seguem estes meandros. São vinhos com carácter vincado, sendo por isso quase impossível ficar indiferente a eles. Todos em elevado nível. Em jeito de súmula, fica registado uma linha de pensamento, uma postura, uma forma de estar, que (quase) me fizeram gostar ainda mais dos vinhos de Mário Sérgio.

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