Quem nunca?

Num mundo dominado pelas redes sociais, uma das práticas mais correntes, de todos nós, é mostrarmos o melhor, o mais requintado, o mais caro, o mais exclusivo. O mais difícil e o mais bonito. Transmitimos a ideia que a realidade, de todos nós, é esta e não outra bem mais prosaica, bem menos vistosa, bem mais monótona. Bem mais mundana. A vida real, essa, não a mostramos. Fica escondida. Mostramos apenas alegorias, projecções daquilo que gostaríamos de ter.




Quem nunca fez uma vianda, a partir de qualquer coisa que estava no frigorífico? Quem nunca pegou numa gamela e enfiou lá para dentro meia dúzia de coisas indiferenciadas e as transformou em algo, feio à vista, mas com enorme sabor?




Quem nunca foi ao supermercado e ao hipermercado e pegou nisto e aquilo para fazer uma tachada de comida para a família ou para os amigos, e a colocou em cima da mesa, para a satisfação de todos? Dir-me-ão que nunca. Só eu.

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