As Batatas e Couves

Sem grandes teses ou discursos. Não sou um grande comedor de batata. Talvez, porque não me saibam bem, nas terras onde habito. Não sou um grande comedor de couves, porque também não me sabem bem, nas terras onde moro. A ambas falta-lhes qualquer coisa, nas terras por onde ando. Talvez lhes faltem o enquadramento. Talvez a paisagem, plana para interior e cimentada para o litoral, lhes tire a alma. São, batatas e as couves, parcas em sabor.



No sítio certo, lá mais para cima, onde as fragas governam e dominam sem oposição, as batatas e as couves atingem elevado estatuto no prato (não se esqueçam que ambas mataram a fome a milhares, no passado). As batatas alcançam um sabor inigualável. A couve, esta planta hortense, consegue uma textura, uma graça que em terras mouriscas não tem. Será do frio, da chuva, da neve, do gelo? Será da casta? Não sei. Sei que não me sabem ao mesmo.


Sei que em tais lugares mais para cima, que são os meus lugares, a batata e a couve atingem uma importância, apenas comparável ao ouro. Na verdade, valem mais. Inundadas com azeite, servem para tudo e mais alguma coisa. Muitas vezes, nem precisam de nada.

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