O Castelo

Deixei-vos em paz durante alguns dias. Dêem alvíssaras. A maturidade da idade tem-me feito bem. Mais solto, mais livre, mais despegado de muita coisa e de muita gente. Digamos que, sem querer, foi-se (fui) separando o essencial do dispensável. Portanto, nem tudo é mau. Mas voltemos às minhas histórias.


Sou pai de uma tríade de raparigas. Não são melhores que as outras. São as minhas filhas e esta condição basta-me. Não são super-inteligentes, nem um exemplo de bondade. Elas são humanas, com todas as características inerentes à sua espécie. E assim espero que continuem. 
No outro dia, a do meio pediu-me para a ajudar e acompanhar no seu último desiderato. A montagem de um castelo de lego. Digo-vos que não acatei logo o seu pedido. Não me apetecia. Estava envolto naquela bruma que geralmente me acompanha. A custo, assumo, fui até ela.


Peça a peça, fui partilhando o prazer de construir e assistir à execução de um projecto. O de um Castelo de princesas e príncipes. Cheio de cor e de outras coisas que as crianças acreditam. Sonhos. Quando chegámos ao telhado, quando colocámos aquele icónico telhado cónico na torre altaneira,  festejei. Com algo simples, com algo normal. Com algo humano. 

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