Fraga Alta (Douro)

Depois de um diferente e curioso Quinta dos Romanos, Lucinda Todo Bom lança uma gama baptizada Fraga Alta. Um Tinto de 2003 e um Branco de 2005. Vinhos que se situam em patamares de qualidade e interesse muito inferiores.

O tinto fez-me colocar os pés no chão. Regressar à Terra, olhar para as dificuldades da vida. Dos espinhos que existem, das barreiras. Existe uma velha e conhecida expressão muito acertada: "A vida não são apenas rosas." Juntamente com o RHEA, vai engrossar o grupo daqueles vinhos estéreis, infelizes.
Um comportamento de difícil análise. Completamente mal vestido. Sem qualquer aprumo, mal amanhado. Teimava em apostar nas sugestões ferrosas, na ferrugem, no aço, nos couros. Carne ensanguentada. Um cheiro complicado. Na boca, muito aguado, sem qualquer presença de sabores. Entrava, passava e despedia-se sem sabermos. Indiferente. Nada mais. Nota Pessoal: 11

Salvou-se o branco. Aromaticamente parecia ter vontade de apresentar fruta branca, calda de ananás. Um leve toque resinoso e anisado davam-lhe algum interesse. Tudo sem grandes intensidades e complexidades. Na boca (apenas) fresco, plano, meio liso. Parcos sabores. Sem grandes estórias para contar. Um pouco melhor que o seu irmão tinto. À tangente. Nota Pessoal: 12

Ainda vão existindo vinhos, aqui e além, que conseguem ter a particularidade de pouco ou nada dizerem. Não provocam a tal revolução de aromas, de emoções, de sensações. São vazios no conteúdo e na forma. É esta discrepância que encontro nos vinhos portugueses que irrita particularmente (o Douro não é excepção).
O Céu e o Inferno convivem livremente. Misturam-se de forma provocatória. Confundem o consumidor, o mortal. Presumo que fará parte das festividades de anjos e demónios observar o sofrimento enófilo. Pelo meio, entre estes dois mundos, prolifera um vasto leque de vinhos indefinidos, pobres, sem qualquer interesse. Quase que me atreveria a dizer: sem meio termo.


Comentários

Anónimo disse…
como eu te compreendo... Entre o ceu e o inferno talvez fique o purgatório, deve haver muita zurrapa lá pendente para alguém dar despacho...
Ao ler estas notas de prova , lembro-me sempre desta frase:

Quem te avisa teu amigo é :)