Vale de Pios (Douro) Tinto 2005

Um vinho que nasceu em redor de Barca D'Alva (o site é aqui). Mais um nome que não conhecia, mais um tinto que vem ao mundo no Douro. Continua a ser alucinante o número de rótulos que brotam quase todos os dias naquela região.
Aromas a azeitona preta combinavam, na fase inicial, com sensações a pedra, a laje. Levava-me inevitavelmente para os clássicos lagares de granito. Intenso, quase ostensivo. Notas químicas marcaram presença forte.
O rodar dos ponteiros obrigou-o a largar para fora do copo um conjunto de cheiros menos difíceis, um pouco mais compreensíveis. Perfilaram-se flores rasteiras, giestas, esteva e eucaplitos. Por esta altura, ficava a ideia que a menta, a hortelã, andava também por. Apesar de sacudido, continuava carregado de exuberância, de intensidade e de escuridão.
Terminado o tempo dado, pouco mais ofereceu, pouco mais disse. Cerrou fileiras e voltou para dentro do copo.
O paladar trilhou o mesmo caminho, a mesma forma de estar. Sensações pretas, escuras e sólidas. Sabores a chocolate amargo, refrescados por um pouco de menta. Corpo musculado, taninos espigadotes. O final, apesar de seco, esforçava-se por deixar umas quantas amoras na boca.
Está fechado, aparentemente rude (tal como a terra onde nasceu) e com algumas arestas a pedirem lima. Precisa de tempo para reflectir e fazer reflectir, mas como diz o outro: é um vinho com personalidade e bem português. Nota Pessoal: 15

Post Scriptum: Ainda recordo a viagem a vapor que fazia desde Barca D´'Alva até ao Pocinho. Depois era seguir até ao Porto, chegava a Lisboa bem tarde, cansado, mas cheio de fotos na memória. Quando falava disto cá em baixo, parecia que tinha vindo de outro mundo.

Comentários

Luis Prata disse…
O blog Saca a Rolha acabou de lançar tb as notas de prova deste vinho. Parece que lá gostaram um pouco mais dele.

1 Abraço
Pingas no Copo disse…
Pratas, foi mera coincidência.

Reparo que concordamos no essencial, no estilo do vinho.

Um abraço
NOG disse…
Sim sim, foi mera coincidência. Tem piada, posto que eu e o Rui já fizémos dezenas de provas juntos, mas este é coincidência.

E claro, no essencial, concordamos.

Abraços,

NOG