Um vinho que nasceu em redor de Barca D'Alva (o site é aqui). Mais um nome que não conhecia, mais um tinto que vem ao mundo no Douro. Continua a ser alucinante o número de rótulos que brotam quase todos os dias naquela região.
Aromas a azeitona preta combinavam, na fase inicial, com sensações a pedra, a laje. Levava-me inevitavelmente para os clássicos lagares de granito. Intenso, quase ostensivo. Notas químicas marcaram presença forte.
O rodar dos ponteiros obrigou-o a largar para fora do copo um conjunto de cheiros menos difíceis, um pouco mais compreensíveis. Perfilaram-se flores rasteiras, giestas, esteva e eucaplitos. Por esta altura, ficava a ideia que a menta, a hortelã, andava também por lá. Apesar de sacudido, continuava carregado de exuberância, de intensidade e de escuridão.Terminado o tempo dado, pouco mais ofereceu, pouco mais disse. Cerrou fileiras e voltou para dentro do copo.
O paladar trilhou o mesmo caminho, a mesma forma de estar. Sensações pretas, escuras e sólidas. Sabores a chocolate amargo, refrescados por um pouco de menta. Corpo musculado, taninos espigadotes. O final, apesar de seco, esforçava-se por deixar umas quantas amoras na boca.
Está fechado, aparentemente rude (tal como a terra onde nasceu) e com algumas arestas a pedirem lima. Precisa de tempo para reflectir e fazer reflectir, mas como diz o outro: é um vinho com personalidade e bem português. Nota Pessoal: 15
Post Scriptum: Ainda recordo a viagem a vapor que fazia desde Barca D´'Alva até ao Pocinho. Depois era seguir até ao Porto, chegava a Lisboa bem tarde, cansado, mas cheio de fotos na memória. Quando falava disto cá em baixo, parecia que tinha vindo de outro mundo.
Comentários
1 Abraço
Reparo que concordamos no essencial, no estilo do vinho.
Um abraço
E claro, no essencial, concordamos.
Abraços,
NOG