Simbolismos

A sociedade esteve, desde tempos que a memória não alcança, carregada de simbolismos. Qualquer acto ou atitude surge-nos, ainda hoje, coberta de sínais mais ou menos abstractos. Alguns deles, na maior parte,  parecem-nos injustificáveis, descabidos. São, quase sempre, pertença do íntimo de cada homem, de cada organização. Somos incapazes de os largar. Precisamos deles.


O vinho, produto manipulado, não é alheio a este modo de estar, de viver e de sentir. Homens, por uma razão ou outra, compram-no para comemorar, para relembrar este ou aquele momento. Ou simplesmente para catalizar emoções e sensações. É motivo para juntar e celebrar.


Guardam-se religiosamente garrafas, de determinada colheita, até que um dia se possam abrir, desde que respeitados todos os requisitos.


Chegado o momento, tal acto liturgico, o vinho é servido aos gentios como se tratasse de algo raro e infinitamente precioso. A maçada acontece quando a assembleia não lhe reconhece o valor devido. É que trata-se simplesmente de um vinho. Nada mais.

Comentários

Ricardo disse…
Acho que esses teus convivas tem muita sorte!
sinnercitizen disse…
passo exactamente pelo mesmo drama... guarda-se meia dúzia de garrafas, há espera do momento certo(que poderá nunca chegar...) e depois aguarda-se uma exultação... nem sempre acontece, dommage...
momenta disse…
A palavra gentios indicia que os felizardos que participaram na prova não tinham a veia enófila tão desenvolvida quanto a do anfitrião. Não haveria uma ponta de ingenuidade na expectativa da plateia louvar a excelência do(s) néctar(es). Na excelência, tanto temos vinhos de bebida mais fácil (mais acessíveis a gentios), como alguns que dão boa luta. Subscrevo o comentário do Ricardo.
Pingus Vinicus disse…
Claro, concordo. É o problema de guardar vinhos para comemorar efemérides. :)

PS- Tenho dúvidas que a minha veia enófila esteja tão desenvolvida. Já tive mais certezas sobre essa matéria. :)
Norberto disse…
Já se passou comigo, já provei alguns vinhos dessa casa mas numca me surprenderam, se calhar já vou de pé atras ou escolhi mal.