Morgadio da Torre

Sem qualquer cuidado no vocabulário escolhido, devo dizer que fiquei impressionado, admirado, surpreendido com este vinho. Fiquei impressionado, admirado, surpreendido porque não estava à espera, porque a expectativa era baixa ou não muito alta. O que me leva a pensar na razão da aquisição. Actos e comportamentos estranhos, reflectem, na maior parte dos casos, a minha enorme incoerência. 


Ando afastado, na generalidade, dos alvarinhos. O afastamento, deveu-se, acima de tudo, pela aparente falta de tensão, nervo e acutilância que pareciam exibir, nos últimos anos. Cimentei a ideia, eventualmente pouco fundamentada, que estava acontecer uma deriva no conceito, na abordagem à casta, tornando-a mais urbana, mais exótica, mais arredondada. 


Neste caso específico e sem querer estabelecer qualquer comparação com outros alvarinhos, encontrei o que não estava à espera e que particularmente aprecio. Um vinho branco quase másculo, coberto de tiques clássicos, despido de qualquer fruta exótica (espero não estar enganado), com uma frescura profunda a rasgar a boca em toda a sua largura. Um vinho branco que me pareceu ter uma enorme personalidade, bem como capacidade para envelhecer dignamente. 

Comentários

Mas olha que eles andam aí e melhores que nunca, certo que não vão voltar aos tiques do passado onde também havia muita coisa menos boa dentro da garrafa. Uma coisa é certa, a longevidade dos nossos Alvarinhos na sua região berço tem sido mais que comprovada, a última aula foi com os Dona Paterna.
Pingas no Copo disse…
Terá havido um reajuste no estilo? Por acaso, não há muito tempo, também fiz a titulo pessoal, uma pequena vertical de Dona Paterna e fiquei surpreendido. Contudo, notei, que houve no passado uma tendência, assim me pareceu, para a criação de vinhos mais exóticos, o que me levou a afastar-me do alvarinho.
Chapim disse…
Caros,
IMHO hoje assiste-se a um alargar dos tipos de Alvarinho de Monção e Melgaço havendo espaço para tudo, mais tropicais ou mais austeros no nariz, mais melados ou mais ácidos na boca.
E isso para mim é de assinalar e de apoiar. Perceber que daquela bela uva naquele fabuloso lugar é possível fazer vinhos com perfis distintos.
E a longevidade está lá e a frescura está lá.
Temos de provar uns quantos em conjunto.
Boas provas aos dois!
Rui
Pingas no Copo disse…
Sim claro, Chapim. O meu afastamento deve-se, acima de tudo a uma questão de gosto pessoal.
um abraço