Sem qualquer cuidado no vocabulário escolhido, devo dizer que fiquei impressionado, admirado, surpreendido com este vinho. Fiquei impressionado, admirado, surpreendido porque não estava à espera, porque a expectativa era baixa ou não muito alta. O que me leva a pensar na razão da aquisição. Actos e comportamentos estranhos, reflectem, na maior parte dos casos, a minha enorme incoerência.
Ando afastado, na generalidade, dos alvarinhos. O afastamento, deveu-se, acima de tudo, pela aparente falta de tensão, nervo e acutilância que pareciam exibir, nos últimos anos. Cimentei a ideia, eventualmente pouco fundamentada, que estava acontecer uma deriva no conceito, na abordagem à casta, tornando-a mais urbana, mais exótica, mais arredondada.
Neste caso específico e sem querer estabelecer qualquer comparação com outros alvarinhos, encontrei o que não estava à espera e que particularmente aprecio. Um vinho branco quase másculo, coberto de tiques clássicos, despido de qualquer fruta exótica (espero não estar enganado), com uma frescura profunda a rasgar a boca em toda a sua largura. Um vinho branco que me pareceu ter uma enorme personalidade, bem como capacidade para envelhecer dignamente.
Comentários
IMHO hoje assiste-se a um alargar dos tipos de Alvarinho de Monção e Melgaço havendo espaço para tudo, mais tropicais ou mais austeros no nariz, mais melados ou mais ácidos na boca.
E isso para mim é de assinalar e de apoiar. Perceber que daquela bela uva naquele fabuloso lugar é possível fazer vinhos com perfis distintos.
E a longevidade está lá e a frescura está lá.
Temos de provar uns quantos em conjunto.
Boas provas aos dois!
Rui
um abraço