Aproveitando uma pequena brecha nas minhas férias. Estou neste momento a empacotar os utensílios da praia. Daqui a alguns dias irei até às montanhas, um pouco mais a Norte. Será o epílogo do meu período de descanso. Bom, o que vos queria deixar são alguns comentários sobre um vinho branco que bebi nestes dias que passaram e que me impressionou. Era capaz de cometer o atropelo de dizer que estive perante um branco que é vinho. Bem sei que não é o único vinho branco de elevada qualidade. Provavelmente será uma afirmação exagerada aquela que proferi, mas para mim são poucos aqueles que têm a honra de poderem ser chamados água de Baco.
CampoLargo Arinto 2004, vinho que é feito um pouco ao arrepio das modas. Na refeição em que esteve o seu comportamento foi distinto, personalizado, cheio de qualidade. Numa actuação algo masculina. Segundo o que diz o rótulo, é fermentado em madeira e possui 13% de graduação alcoólica.
Do ponto de vista aromático, pareceu-me sentir um conjunto de sensações bastante complexas e individualizadas. Com alguns registos aromáticos de difícil compreensão. A velha história que já vos contei, por diversas vezes. Quando o desafio aumenta, aumentam as minhas dificuldades. Sou confrontado com inúmeras limitações pessoais. Mas voltemos ao vinho.
Com pouco tempo de abertura, este arinto apresentou sugestões a combustível, que foram desvanecendo com o tempo. A fruta que tentava saltar do copo fazia-me pensar no ananás, na ameixa e na cereja branca. Mas o mais curioso, a partir de certo momento, foi a constante sensação que tangerina, a laranja e algumas clementinas andavam por ali. A presença delas não me incomodava. Muito pelo contrário. A madeira e os aromas que lhe estão associados, e que inicialmente me pareceram algo evidentes e um pouco impositivos, foram-se integrando discretamente no meio do conjunto. Tudo era refrescado por umas raspas de casca de lima e limão.
A boca era boa. Bastava esta afirmação tão rudimentar, tão simples, para vos transmitir o prazer que tive e terminar o comentário. Mas convém escrever mais qualquer coisa. Gordo sem ser pesado. Fruta, mel e baunilha estavam por todo lado, sempre apoiados por uma acidez correctíssima. Final longo. Um vinho que merece e não desmerece. Feito para envelhecer em garrafa e para ir bebendo calmamente, sem pressas. Tentem provar e depois digam-me alguma coisa, certo?
Nota Pessoal: 16,5
Nota Pessoal: 16,5
Comentários
NOG
(Saca)
São vinhos que gosto muito, mas sabes que nisto tudo existe uma componente pessoal muito grande.
Rui
Digam lá se o Alentejo não é um CAMPO LARGO :)
NOG