Dois Rabiscos

Aproveitando tal brecha nas minhas férias e antes de voltar a ir embora, queria partilhar com vocês uns rabiscos que fiz sobre dois vinhos bebi. Ambos já foram avaliados pela Revista dos Vinhos. Os meus comentários desviam-se um pouco daqueles que foram proferidos pela aquela revista da especialidade. Por isso, nada de fazerem comparações entre eles. Vocês sabem muito bem que tudo o que eu escrevo baseia-se simplesmente no meu gosto e como tal tem pouca validade ou nenhuma.
Mythos 2003, um vinho ribatejano produzido pelo Centro Agricola do Tramagal que é conhecido por produzir vinhos com denominação Casal da Coelheira. Sou um adepto confesso do Casal da Coelheira Chardonnay. Um vinho branco muito correcto, vendido a um preço decente.
Mas falemos deste Mythos. Um vinho de lote elaborado através das castas Touriga Nacional, Cabernet Sauvignon e Alicante Bouschet. Com estágio em barricas de carvalho francês.
Cor bem concentrada. Com muitos aromas químicos. Tinta da China. Um lado mineral, que fez pensar no carvão meio húmido. Havia, também, qualquer coisa nele que me fazia lembrar os lagares, o cheiro que eles transmitem. Sugestões vegetais que pareciam tentar atenuar alguns dos excessos que andavam por ali. Não o conseguindo cumprir na totalidade o seu objectivo. Pelo menos, assim acho.
Na boca o seu comportamento andou perto dos aromas que transmitiu. Com taninos robustos, com força e vigor (talvez demais). Parece ter o estilo deste vinho. Um perfil que tende a alastrar por todas as zonas produtoras deste nosso Portugal. Pessoalmente este caminhar cansa-me um pouco. São vinhos muito bem feitos, com muita extracção, que impressionam os sentidos, mas que criam algum desgaste. De qualquer maneira, aqui está a minha opinião.
Nota Pessoal: 15


A outra proposta é o Quinta das Maias 2004, da responsabilidade da Sociedade Agrícola Faldas da Serra, conhecida por produzir os vinhos Quinta dos Roques. Um conhecido vinho do Dão que agora veste um novo rótulo. Sinal de inovação. Concebido a partir das castas Touriga Nacional, Jaen, Alfrocheiro e Tinta Roriz.
Um registo aromático muito interessante e que francamente gostei. Muito silvestre, cheio de sugestões de terra húmida, musgo e mato. Algum silex. Muito balsâmico. Pareceu-me nesta altura um vinho diferente, com uma personalidade curiosa. O pior veio depois.
Algo doce na boca, com taninos muito espigados e agressivos. A acidez estava num registo altíssimo, deslocada de tudo. Parecia que estava perante um grupo de músicos que não funcionavam como uma orquestra. Cada elemento parecia querer sobressair, tentando tocar mais alto que o seu companheiro do lado. Foi pena, muito mesmo. Prometia muito no início. Será que o tempo, o famoso aliado do Dão, vai ajudar a amaciar e equilibrar a boca? Pessoalmente gostaria...
Nota Pessoal: 14

Comentários

NOG disse…
Ainda não provei o Mithos e já estou com medo.
Quanto aos vinhos de muita extracção, blá blá, fruta madura, blá blá, madeira nova, blá blá, ... concordamos a 100%.

Abraços,

NOG
(Saca)
Anónimo disse…
Achei piada ao "tinta da china". já provei este vinho, desiludiu-me um bocadinho, mas também pelo preço que paguei não podia ser exigente... se calhar era isso, devia bebelo só daqui a uns tempos.
Mas gostei da observação...
Anónimo disse…
Caro Pingus...

Aida não provei o "Mithos " em questão, mas sou obrigado a concordar que os vinhos "tinta da china" são cansativos e eu evito-os ao máximo.
Sou fã deste teu blog repleto de notas de prova justissimas, só tenho pena da exitência do link para "Os Marialvas" - um blog de apoio à tortura, na sua versão mais baixa; a tortura de animais. Não vejo qual é a ligação com o Vinho!!!

Continuação de boas férias
Abraço,

Pedro Guimarães
Pingas no Copo disse…
Pedro Guimarães, percebo a tua questão relativamente aos marialvas. Pessoalmente não sou adepto das touradas e de tudo o que lhe está associado e vivo numa vila onde a festa taurina é rainha: Alcochete.É uma tradição que não entendo muito bem!

Na altura, coloquei o link para o osmarialvas porque me pareceu que também falavam de vinhos, bem como de gastronomia...

Regularmente faço ajustes aos meus links, vou vendo a evolução de determinados sites e verifico se apresentam conteúdos directa ou indirectamente relaciados com o vinho e a gastronomia (seja ela de caracter tradicional ou não), bem como o nível de actualização que possuem.

Esta situação pode acontecer com a existência ou não de links do meu blog nos outros sites. Muitos poderão achar que eu não tenho qualidade...

Estou amadurecer sobre o assunto, de modo que seja justo na minhas decisões.

Espero que compreendas isso. Os comentários proferidos pelos amigos, como tu, ajudam-me a tomar as melhores opções.

Uma abração, Rui

PS- E obrigado pelas tuas palavras!