Está calor, muito mesmo. Como já vos disse, não suporto muito bem o calor. Talvez tenha no meu código genético qualquer informação nórdica (toda a minha familia é do Norte. Com muitos loiros, com muitos olhos verdes, muitos olhos azuis. Pele branca). Para me refrescar peguei num vinho branco, para acompanhar uma refeição à base de chocos, temperados com coentros, azeite e muito alho. A escolha da pinga que iria acompanhar o repasto, se calhar, não era das mais óbvias. Foi a que me veio à cabeça. Escolhi um Chardonnay. Português, nascido em Trás-os-Montes, terra do meu pai. Lugar de muitas memórias, que prezo com muito orgulho. Um chardonnay repleto de tiques do novo mundo, muito ao estilo californiano (Jerry Luper é o enólogo da Real Companhia Velha). Baptizado com o nome de Quinta do Cidrô Reserva 2003. Dormiu durante algum tempo em madeira de carvalho francês.
A sua cor era amarelinha, inclinando-se para os torrados. Já agora, nunca fui bom nas cores. Evito falar nelas. Fico confuso. Mas avante e falemos da pinga.
Muita baunilha, caramelo, fruta madura e mel (pensei naquele que é clarinho). Para além disto, (peço que me dêem um desconto) ainda fui parar ao doce de gila. Tudo refrescado por lascas de verdura. Sempre num registo altivo, exuberante, com muito neon.
Na boca, a durabilidade era grande. Saboroso, gostoso. Robusto.
Um vinho cheio de contradições, dado que não se enquadra no estilo de vinhos que eu geralmente aprecio. Alinho mais pela subtileza. Mas que se lixe. O ser humano está cheio de incoerências.
Porventura mais indicado para beber quando a temperatura da rua estiver mais fresca. Nota Pessoal: 15
Post Scriptum: O vinho não me refrescou. Não ajudou a esbater o calor que senti. Mas soube-me bem.
Comentários
Sobre brancos digo-te Montes Claros Reserva 2005 Branco...:)
Peço as minhas desculpas.
atenciosamente Rui.
Mas porque é que parte do princípio que um vinho branco tem que ser um refresco?
Se fosse um branco da Borgonha, assim por exemplo, um Montrachet, também era penalizado por não o «refrescar»?
No caso dos brancos, há mais marés que marinheiros...
O termo "refrescado" como deve perceber é uma figura de estilo (penso que é assim que se diz) e está inerente ao perfil deste chardonnay, que como sabe tem um comportamento mais para o robusto.
Por isso deve ter reparado pelas minhas palavras que era mais indicado para o tempo mais frio dada a sua "força".
Então não sabe bem um belo de um branquinho fresquinho, debaixo de uma boa sombrinha? Olhe que refresca e muito.
Um abraço cordial
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Caro Pedro, as minhas palavras são tudo, menos sábias. Também sou um leigo na matéria, que finjo ser um aprendiz de feiticeiro. Longe de ser um especialista. Muito longe.
Para ter uma opinião mais avalizada deve consultar os guias da especialidade, as revistas (Revista dos Vinhos, Blue Wine e Wine Passion). Estes sim dão indicações precisas. É o que eu faço.
O que lhe posso dizer é que da última vez que contactei com o Tapada de Chaves 2000 estava no ponto para ser bebido. Aliás devo-lhe dizer que o melhor vinho (para mim) é aquele que me sabe bem, num determinado momento.
Um abraço cordial
O Pingus tem toda a razão. Beba o Tapada do Chaves e depois diga-nosse gostou.
Em todo o caso, alguns Tapadas podem durar alguns anos. Faz pouco que bebi o Tapada de 1996 e adorei!
NOG
(Saca)
Essa do código genético lembra-me quando eu escrevi sobre o teu provável ADN.
Abraços amigos,
N.
A cena do ADN que escreveste está muito bem "esgalhada".
Uma abração amigo, Rui
Dentro em breve irei experimentar uma das garrafas, e depois transmitir-vos-ei as minhas impressões sobre este néctar dos Deuses feito por Homens, ainda que bastantes leigas.
Obrigado
Muitos de nós que andamos na blogosfera são amadores e leigos.
Faz muito bem partilhar com os outros aquilo que sentiu ao beber determinado vinho.
Como deve ter reparado, todos nós "lançamos bocas" sobre o que bebemos. Todas certas, todas válidas.
Fico à espera das suas impressões!
Um abraço cordial