Versus 2004, um vinho que foi falado, comentado por essa internet fora. Uns argumentavam que tinha valor, outros enrugavam o sobrolho com alguma desconfiança. Ao nível dos críticos, os verdadeiros, notei que não havia consenso nas suas avaliações. É normal. Nada de extradordinário. É a liberdade expressão a funcionar e ainda bem que é assim. Observei e li cuidadosamente o que se dizia, o que se falava sobre ele.
Tinha que fazer o meu teste. Aquele que me interessa. É com o meu apertado exame, que decido quais os vinhos é que irei escolher para ter na minha garrafeira. A vida não está para andar a gastar euros, atrás de euros ao sabor do que os outros dizem.
O teste acabou por decorrer durante uma prova cega. Um vinho que foi literalmente adorado e odiado. Nem mais, nem menos. Não houve meio termo. Pouco consensual. Levou as paixões enófilas ao rubro. Reparei com curiosidade as expressões que iam saindo das faces dos meus companheiros, à medida que iam provando o dito.
Para mim, achei este beirão uma pinga muito interessante. Com muito carácter, com força, com presença. Algo inquietante. Uma força da natureza (desculpem-me este exagero). Representa, e bem, a dura região da Beira Interior, onde nasceu (estou a lembrar-me do excelente rótulo). Uma terra de extremos, de contrastes, de difícil trato, rude. Paredes meias com o Douro e com Espanha.
Desatavam aromas minerais, que se envolviam com a terra quente. Terra onde nascem as giestas, as figueiras do Diabo, a esteva. A fruta era fresca, com muitas flores em redor. Um leve aniz adocicava o odor que saltava do copo.
Na boca, enchia. De perfil peitudo, raçudo, por vezes agreste, mas capaz oferecer prazer. Os taninos e acidez estão bem guardadas no corpo. Um belo vinho beirão.
Desatavam aromas minerais, que se envolviam com a terra quente. Terra onde nascem as giestas, as figueiras do Diabo, a esteva. A fruta era fresca, com muitas flores em redor. Um leve aniz adocicava o odor que saltava do copo.
Na boca, enchia. De perfil peitudo, raçudo, por vezes agreste, mas capaz oferecer prazer. Os taninos e acidez estão bem guardadas no corpo. Um belo vinho beirão.
À honra das gentes que vivem em Figueira de Castelo Rodrigo e aos Beirões.
Nota Pessoal: 17
Comentários
Madeira e vinho de mão dada?
Eu gostei muito do vinho, mas como disse na minha nota de prova, penso que um pouco mais de madeira presente, o vinho tornava-se ainda mais elegante e digno de uma nota elevada.
E o final? Para mim foi tipo "vai ser bom não foi"? ou seja muito mas muito curto. Mas como foi provado em conjunto com algumas "bombas" admito que possa ter sido influenciado por isso. Vou voltar a prová-lo sózinho.
Um abraço
Zé Tomaz
Mas é um belo vinho e é um vinho de contrastes. Ou se gosta ou se...
Um abraço
Rui
Para mim é também um hino à Beira Alta. Aquela a quem chamam de transmontana e quanto a mim muito bem. Tem tanto de Terra Fria como de Terra Quente.
À honra da Beira Alta e à sua honra também!!!!
Boas provas
Eu li qualquer coisa sobre o vinho (sem grande atenção, confesso), mas gostava de saber de que patamar estamos a falar, porque não faço a menor ideia.
Já tentei e já coloquei no início deste blog algumas referências a preços de alguns vinhos. Mas desisti. Era confrontado com preços tão díspares, que achei por bem não voltar a mencionar.
Como deve ter visto na lista de sugestões que actualizámos (actualizei eu, que o Tuguinho anda preguiçoso!), está referido o local do preço mais barato encontrado. E ainda o preço na Makro, esteja ou não a preço de feira, porque é sempre um ponto de comparação importante para quem possa lá ir.
Ou seja, usando esta bitola, que em princípio só será actualizada uma vez por ano (felizmente...), há sempre um ponto de referência. O mais curioso é que esta lista nasceu duma forma completamente casual: uma amiga minha pediu-me para lhe mandar umas sugestões para ela saber o que comprar, e eu, que gosto de organizar a informação das coisas que me interessam, comecei a ir aos catálogos de feiras de vinhos que tinha guardado e a pôr os preços comparados numa folha de Excel. Essa folha ficou. E quando há quase um ano surgiu a ideia de, assinalando os 2 anos das Krónikas Tugas, criar um blog "temático", só dedicado aos vinhos e comidas, para tirar esse tema do blog principal (porque se estava a começar a falar de vinhos com demasiada frequência e o assunto ficava disperso no meio de todos os outros posts), aproveitei essa lista para usar como base para a primeira lista de sugestões, a preços de 2005. Agora é só ir mantendo. O mais difícil já está feito.
O prometido é devido, voltei a prová-lo, e desta vez sózinho. Eis as minhas impressões:
Uma grande e impressionante concentração, boa presença de fruta, groselhas, ameixas pretas, e até uma especiaria (cravinho?) Na boca entra quente, carnudo, muito redondo, com uma acidez correcta, e taninos suaves. Continuo a achar um final médio / curto. É um vinho que se bebe bem sózinho e que em minha opinião tem um perfil internacional / comercial. Se tivesse de o classificar numa escala de 0 a 20 dava-lhe um 14,5.
Um abraço
Zé Tomaz
Um abraço
Rui
Tenho a dizer que foi para mim uma surpresa saber que este vinho fez causar boas (e más) impressões pelo provadores do país. Desconhecia por completo que estava a ser tema de conversa, principalmente pelos bloggers.
Sou um membro da família Andrade de Almeida, a companhia responsável pela produção do Versus.
Fico à espera de mais críticas, são sempre bem vindas.