Quinta da Carolina 2003

Uma estreia em absoluto (para mim). Um vinho que tenho visto por aí. Ouço falar dele. Até ao momento, nunca consegui encontrar dois indivíduos que tivessem a mesma opinião sobre este transmontano concebido por um estado-unidense. Uma curiosa combinação.
A Quinta da Carolina é pertença do enólogo, da Real Companhia Velha, Jerry Luper (ainda é?). Um norte-americano que reside há muitos anos no nosso país e que escolheu o Douro para viver. Pessoalmente escolheu muito bem.
Os únicos dados que obtive foram sobre a colheita 2000. De qualquer maneira, dá para termos o uma ideia sobre a filosofia do projecto. "(...) o americano Jerry Luper revela o ponto ideal de "maturação", que é como quem diz, de conhecimento e domínio da pequena propriedade onde se instalou com a mulher Carolee, em meados da década de 90. (...) apresentando-se como expressão muito mais equilibrada e conseguida dos 2,7 hectares de vinhas velhas na margem esquerda do Douro, nos arredores do Pinhão. Arriscamos mesmo dizer que é com a colheita de 2000 que Luper eleva a sua pequena produção familiar ao nível esperado a partir de anteriores realizações no nosso país. Além do trabalho pioneiro na Califórnia e da ligação a alguns ícones do vale de Napa (Diamond Creek), vale a pena lembrar que estamos perante o director técnico da Real Companhia Velha, responsável pela projecção dos vinhos de mesa da casa para patamares de qualidade que valeram, por exemplo, o troféu da Revista de Vinhos para a melhor empresa em 1999. Antes dessa data, esteve também ligado à ascensão da Quinta de Pancas, assistindo na criação dos varietais "Special Selection". No caso do Quinta da Carolina, consegue finalmente harmonizar a antiga tradição duriense - lagares de pedra, pisa artesanal, prensa vertical manual - com a experiência enológica Californiana. O resultado é, como se disse, um enorme salto em relação a anteriores colheitas: um tinto de estrutura mais equilibrada, final mais elegante e prolongado, e, sobretudo, taninos melhor domados. (...) Um vinho elaborado a partir de um lote com Tinta Roriz 30%; Tinta Barroca 25%; Touriga Francesa 20%; Tinta Carvalha 15%; outras 10%. A mistura de castas tradicionais foi pisada 6 a 8 dias em lagares de pedra (leveduras seleccionadas). Estágiou em 14 meses em barricas de carvalho americano, francês e português" Retirei esta informação daqui.
Bom, o que eu achei dele. Gostei. No início, não foi muito simpático. Nada mesmo. Sisudo, pouco conversador. Por vezes, até desagradável na forma como se apresentou. Pertence ao lote daqueles que necessitam de atenção e paciência. Aromas animais, a lagar e a azeitona esmagada tomaram a dianteira. Assustaram e quase fizeram abandonar o vinho. A fruta (madura, mas fresca), o vegetal, o café envolvido por lavanda conseguiram cativar. Deram-lhe um semblante bem mais interessante.
Na boca elegante, diferente. Algo rústico, rural. Atraente, envolvente e com complexidade. Se calhar um pouco anacrónico (gosto desta palavra) e distante dos outros Douros. Acredito que possa ter uma boa evolução. Um vinho para pensar. Com personalidade vincada. Nota Pessoal: 16,5
Post Scriptum:
Mais uma vez um vinho que não foi consensual.

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