Esta Casa faz obrigatoriamente parte da vida de quem ama o Dão e a Serra da Estrela, principalmente para aqueles que têm raízes bem profundas em Gouveia (devo esta paixão à minha mãe). No entanto, para a grande maioria dos consumidores, só foi descoberta quando Álvaro Castro criou o seu Pape. Um vinho que nasceu a partir de uvas de um vinhedo arrendado à Casa da Passarela e de um talhão da Pellada. Em boa hora o fez. Voltou a colocar na boca de muitos de nós, um nome que merece ser conhecido e bebido.
"A Casa da Passarela é uma bela Quinta do Séc.XIX, pode ver-se ou visitar-se passando pela estrada nacional 17 em direcção a Lagarinhos ao Km 102, Passarela, no sopé da Serra da Estrela a este da Região do Dão. A história da família do proprietário remonta aos antepassados de Manuel Santos Lima que colocaram as primeiras pedras neste edifício. Lentamente a vinha e o trabalho das uvas ganharam uma importância sempre e cada vez maior na exploração da propriedade.
Nesta paisagem de colinas, a propriedade é composta por diversas vinhas. A escolha dos locais foi efectuada rigorosamente de acordo com a estrutura do solo, a orientação, o micro-clima e a drenagem do terreno. Possui 33 ha de vinha que estão expostas a sul e a oeste. A exploração dos vinhos produzidos na Casa é formada por sete vinhas distintas: Casa da Passarela, Dualhas, Encumeadas, Pedras Altas, Pedra do Gato, Pai de Aviz, Tapada. Os solos são graníticos, a uma altitude de 500 metros. Predominam apenas três das castas nobres recomendadas para a Região Demarcada do Dão: a Touriga Nacional, Aragonez e Alfrocheiro". Informação retirada daqui.
Casa da Passarela Tinto 2005, é o exemplo de um vinho moderno, que não riscou do seu bilhete de identidade a terra onde nasceu. Apenas está mais actual (o rótulo podia ser bem melhor, mais criativo). Elaborado a partir de um lote de aragonez (não é só no Alentejo que se usa esta terminologia para a Tinta Roriz) e Touriga Nacional.
Com uma aparência a lembrar o doce de amoras. Vinoso, fresco, com morangos, groselhas e framboesas salpicados pelo orvalho. Perfumado por violetas, rosas e cedro. Um pouco de musgo e caruma dava-lhe um toque de complexidade. O aparecimento de drops e licores sugeriam um lado mais doce, tornando-o acessível, apelativo, jovem e feminino.
No palato, mostrou estrutura média, equilibrada, proporcionando prazer silvestre. Final médio e de boa recordação.
Fiquei surpreendido com o nível de qualidade e prazer que tive com este Dão, lá da Terra. Com menos de 4€, está muito bem e recomendo.
Nota Pessoal: 15
Post Scriptum - Existe também um Touriga Nacional de 2005, com uns pomposos 15% de graduação alcoólica.
Fez-me bem ir até lá a cima. Limpei a cabeça, descansei.
Comentários
Curiosidade: Existem velhos rumores que uvas da Passarela foram usavas no Barca Velha.
Será verdade ou mentira? Acho que nunca se saberá...
Abraços
PBrandão
Despertou-me o interesse por esse vinho...
Ao investigar acerca de um vinho, vim aqui parar a este blogue.
Tenho umas garrafas que me foram dadas, em excelente estado de conservação, rolhas de lacre, etc, de um vinho Dão Passarela 1980. Conhece este vinho??? Será que me pode dar alguma informação??
Já o dei a provar a um escanção que conheço que diz que o vinho está muito bom, pode-se dizer, diz ele que é uma relíquia!!!
o meu contacto é anna.godinho@netcabo.pt
Obrigada