Sempre gostei de olhar para as estrelas, para o espaço, para o grande cenário negro que abria todas as noites. As viagens intergalácticas sempre me cativaram e
nos (meus) fabulosos anos 80 sentar no sofá para ver séries como o Espaço 1999, o Caminho das Estrelas ou o prosaico e infantil Buck Rogers proporcionavam as tais viagens pela imensidão do universo. Ficava estarrecido com as inovações tecnológicas que via.
nos (meus) fabulosos anos 80 sentar no sofá para ver séries como o Espaço 1999, o Caminho das Estrelas ou o prosaico e infantil Buck Rogers proporcionavam as tais viagens pela imensidão do universo. Ficava estarrecido com as inovações tecnológicas que via. Foram estes filmes naíf que despertaram em mim o gosto pela ciência. A ciência (optei pela matemática - a verdadeira ciência da vida) levou-me para caminhos onde a racionalidade, o mecânico, o átomo, a molécula, os teoremas tentam mostrar o porquê, a razão de toda a vida. Trilhos que não permitem abordagens mais ou menos fantásticas aos fenómenos do universo.
Aos 17 anos abandonei, desviei-me dos pilares educacionais que a minha família seguia. A mãe e o resto da família olharam para essa mudança de esguelha, com muita desconfiança. Sentia-me um subversivo. Estava a sair das fronteiras estabelecidas pelo clã. Era a primeira vez que alguém questionava as regras, as normas, os dogmas adoptados.
Durante anos a fio tive acaloradas, perigosas discussões epistemológicas sobre as razões que me levaram a mudar, a renunciar à tradição. Não queria ser dominado. Desejava dominar a minha vida, as minhas passadas, encontrar sempre uma razão plausível, fundamentada para o que acontece na natureza. Não havia lugar para respostas enigmáticas, parábolas, analogias, certezas absolutas. A evolução não se compadece com isso.
Ao fim destes anos, em que os conflitos existenciais foram constantes, voltei a olhar para as estrelas. Para uma estrela em particular. Costumo contar à minha filha que "as pessoas quando morrem vão para as estrelas. Acordam durante a noite e visitam-nos enquanto estamos a dormir". Ela, meio crédula, vai acreditando. Ela tem um pai que acredita que as pessoas, quando morrem, transformam-se na própria natureza. Um pai que não acredita noutras vidas. Não somos eternos, nem mesmo na memória. O universo e as suas leis é que ditam o que devemos fazer.
Post Scriptum: Viagem feita com um vinho (Canopus Reserva 2004) produzido a partir das principais castas do Douro, Touriga Nacional, Tinta Roriz , Touriga Franca e Tinta Barroca. Será que estão previstas novas viagens? Esta não me agradou, nem um pouco. Pareceu-me que a máquina estava a circular cedo de mais. Sem ter feito todos os testes necessários a uma boa navegação. Meio desequilibrada, com barulhos esquisitos. Nota Pessoal: 12,5

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