Um produtor do Dão que tem vindo paulatinamente a intrometer-se no mercado, quase sem se dar por ele. Pertence à geração que empurrou, que inicou a revolução silenciosa no Dão nos anos 90 e que tenta mostrar que neste canto nacional, enfiado entre montanhas, de clima instável e difícil é possível fazer, construir belos vinhos. É a primeira vez que contacto com um vinho da Quinta do Perdigão. As voltas que dei para o encontrar. Apesar de viver numa terra virada para Lisboa, nem sempre é fácil encontrar determinados vinhos. Para conseguir, comprar algo diferente preciso de atravessar o Rio Tejo, fazer 30/40 km, ou mais. Beber um vinho que saia do deserto que preenche as prateleiras dos hipermercados (lugares onde compramos grande parte dos vinhos que bebemos) é, muitas vezes, tarefa difícil. Apetece-me dizer que muitos vinhos são virtuais, não existem, não chegam à maior parte dos consumidores. Não saem das fronteiras regionais, de nichos especializados. São apenas conhecidos, porque alguém falou neles ou porque aparecem na escrita especializada. "Longe da vista, longe do coração".
Antes de partilhar com vocês as minhas impressões sobre o dito, digo-vos que este varietal nasce numa vinha com 7 ha, situada na zona de Silgueiros, Viseu, onde se reconhece a técnica francesa na plantação. A própria adega está equipada com material francês. José Joaquim Perdigão, arquitecto de 45 anos é o proprietário deste pequeno projecto, que descobriu o gosto pelo vinho em Paris onde estudou durante 7 anos. Informações retiradas da Revista de Vinhos, nº 144, Novembro de 2001.
O vinho pareceu-me fechado no início, mas a piscar-me o olho, avisando para não ir embora já. Aristocrático no trato. Um pouco altivo. Nada de facilidades, de conversas oucas e sem sentido. O requinte e o luxo eram os pilares mestres. É daqueles que olha para nós, observa a forma como estamos vestidos. Não aceita muito bem se estivermos mal amanhados.
O vinho pareceu-me fechado no início, mas a piscar-me o olho, avisando para não ir embora já. Aristocrático no trato. Um pouco altivo. Nada de facilidades, de conversas oucas e sem sentido. O requinte e o luxo eram os pilares mestres. É daqueles que olha para nós, observa a forma como estamos vestidos. Não aceita muito bem se estivermos mal amanhados.
Cheirava, libertava odores que sugeriam mato, floresta, perfumado pela fruta e pelas flores. A presença de nuances minerais e balsâmicas enriqueciam o conjunto. O tabaco, as folhas secas, o cacau revelaram-se no final. Andavam escondidos. Deixaram a sua marca, encerrando o desfile de aromas.
Na boca, o corpo revelava ter estrutura mais que suficiente para aguentar os taninos. Acidez na medida certa, colocada milimetricamente. É o que se costuma dizer: No ponto. Um final baunilhado, meio fumado, com boa intensidade.
O que posso dizer mais? Que gosto de sentir um vinho que consegue aliar, conciliar a elegância com a robustez de forma quase irrepreensível. Fiquei com a ideia de que ainda está despertar, a evoluir. Por isso, vou deixar em paz a outra garrafa que tenho aqui em casa. Verei mais tarde se acertei ou me enganei (mais uma vez). Nota Pessoal: 17
Comentários
Obrigado, parece ser uma boa aposta.
Por falar em vinhos do Dão, por acaso já teve o prazer de provar um Quinta da Fata Reserva 2003 ou um Vale das Areias TN & TR 2004?
Pergunto isto porque provei ambos à cerca de um mês e fiquei bem impressionado.
1 Abraço
Sobre o Vale das Areias, pessoalmente não o conheço (caramba já nem a região domino...)