Os vinhos das Terras do Sado conseguem apresentar-se ao público com preços acessíveis, ao alcance de muitos consumidores (geralmente). É relevante este facto. Ajuda a democratizar o acesso ao bom vinho.
Partilho com vocês (mais) uma prova de que a alegria, a felicidade enófila pode ser objectivo relativamente fácil. Não é, apenas, um privilégio dos endinheirados, dos burgueses, daqueles que compram apenas nomes, que gostam de exibir troféus aos amigos, dizer-lhes que já beberam um Chateaux. O povo também se diverte. Merece e bem. (Esta última passagem possui laivos revolucionários. Influências do 25 de Abril).
Partilho com vocês (mais) uma prova de que a alegria, a felicidade enófila pode ser objectivo relativamente fácil. Não é, apenas, um privilégio dos endinheirados, dos burgueses, daqueles que compram apenas nomes, que gostam de exibir troféus aos amigos, dizer-lhes que já beberam um Chateaux. O povo também se diverte. Merece e bem. (Esta última passagem possui laivos revolucionários. Influências do 25 de Abril).
Das Terras do Sado, da Serra da Arrábida surgem dois vinhos destinados a divertir, a descontrair. Entretanto dêem uma vista de olhos por aqui.
Comecemos pelo Barão do Sul (Branco de 2005), feito a partir de uma combinação, de um arranjo com moscatel e arinto. Cheiros impositivos a flor doce, ameixa e cereja branca. Forte presença de lichia ou algo parecido. Pode ser absurdo para vocês, mas lembrei sistematicamente de uma sobremesa que costumava comer nos tempos em que frequentava restaurantes chineses. Lembro-me que as lichias surgiam numa calda.Um estilo a tender para o doce, um pouco linear, que valeu essencialmente pelas curiosidades aromáticas que revelou. Importante tomar cuidado com a temperatura. Dá-se melhor com as mais baixas. Acompanhará, certamente, uns petiscos muito ligeiros, num entardecer quente. Um vinho branco simples, mas não simplório. Diria, antes, original e feito para agradar. Nota Pessoal: 13
No Barão do Sul Garrafeira 2002, temos um tinto que optou por apresentar um perfil diferente do habitué nos vinhos portugueses (actuais). Longe da fruta, da madeira, do chocolate. Distante do peso, do corpo, da pujança, da força. Contra-corrente e provavelmente (muito) pouco consensual. Apostou essencialmente em sugestões silvestres, balsâmicas, com alguns apontamentos florais. Tiques de rusticidade interessantes, que lembravam lagares e as adegas. Detentor de alguma complexidade e muito fresco. Prolongamento mediano na boca. Um vinho com personalidade, que se meteu aparentemente por caminhos bem diferentes do usual. As chamadas coisas diferentes. Eu agradeço. A tendência para cheirar o mesmo, beber o mesmo aumenta exponencialmente. Dou comigo quase a dormitar. Um bocejo. Ou será que as (minhas) narinas começam a falhar?
Nota Pessoal: 15,5 (Indicado para quem não gosta, não pode estoirar com a carteira. Uma opção interessante para quem procura vinhos diferentes e fugir um pouco à "modernidade")
Post Scriptum: Das regiões Terras do Sado, Ribatejo, Estremadura, Dão e Bairrada/Beiras têm surgido vinhos muito interessantes, vendidos a preços muito comedidos. Para mortais.
Comentários
Grande abraço!